domingo, 18 de novembro de 2018

Consultoria Sistémica - O método das Constelações Organizacionais



A metodologia do futuro? Fantasia ou realidade? Acreditamos no que entendemos ou acreditamos no que vemos que funciona? Estamos noutra dimensão ou já nos esquecemos do que sempre soubemos? Novos problemas exigem novas metodologias.

                Ao longo dos anos, e em função do desenvolvimento acelerado das novas tecnologias e de novas linhas de pensamento, tem-se vindo a desenvolver uma série de metodologias para a análise e resolução de problemas nas empresas e organizações. A maior parte delas são baseadas em modelos complexos e sofisticados, tendo por base raciocínios lógicos e racionais, decorrentes do espírito científico desta era. Este pensamento exclusivamente racional tem muito pouco tempo, se compararmos com as 7.500 gerações que existiram antes da nossa. Os antigos não pensavam assim, eram integradores de várias formas de pensamento, analisando os problemas no seu todo com base nas várias ciências e filosofias existentes.

                A pouco e pouco começou a verificar-se a ineficácia de algumas metodologias que julgávamos excepcionais, pois olham para partes do problema e não conseguem abranger todo o contexto. Com o pensamento sistêmico, inicia-se uma maneira diferente de analisar estas dinâmicas, procurando-se olhar para o sistema como um todo, para a interação entre os elementos do sistema e entre estes e o sistema, não só procurando uma causa/efeito direta, mas também analisando como é que o efeito pode afetar a causa ou como podemos equilibrar todo o sistema.


O Sistema

                “Um sistema é um conjunto de elementos interconectados entre si, numa contínua relação de mudança”. Ora, todos os sistemas em que o Homem é um dos elementos terão estas características (família, amigos, grupos, clubes, associações, empresas, organizações, governo, etc.). Muitas vezes, procura-se analisar os problemas recorrendo a uma grande quantidade de informação “descritiva”, utilizando-se sofisticados modelos de grande complexidade. A maior parte das vezes, esquecemo-nos da informação “não descritiva”, que “sabemos” mas que não conseguimos explicar ou descrever, pois está intuitivamente armazenada no nosso corpo, espírito, pensamento e sobre diversas formas que não conhecemos exatamente.


Novas metodologias

                Começam a emergir novas formas de pensamento e novas formas de olhar para os mesmos problemas. A metodologia das Constelações Organizacionais talvez seja uma das primeiras que nos leva a olhar para o sistema como um todo e nos ensina a utilizar os sentidos e as emoções para conseguirmos chegar a soluções duma forma rápida e eficaz. Estamos a falar de intuição ou outras formas de acesso à informação que entendemos, porque é “evidente”, embora, neste momento, não saibamos explicar o “como”. Procuramos, assim, formas simples e intuitivas de entender os problemas, “falando” uma linguagem simples, talvez a “linguagem das crianças”, que ao longo dos anos fomos esquecendo.


Novas linguagens

                Com o método das Constelações aprendemos uma nova forma de linguagem (Mathias Varga von Kibéd chamou–lhe de “linguagem transverbal”) que nos ajuda a olhar para a mesma realidade doutra maneira, dando–nos novas visões e diferentes dimensões do mesmo problema. Com este método trabalha-se de forma extremamente simples e sintética, com poucos elementos, mas com toda a informação que o cliente possui seja de forma racional, cognitiva, intuitiva ou emocional. Com a utilização desta metodologia não se considera que existam temas, problemas ou soluções estandardizadas: cada caso é um caso, cada cliente é um cliente e cada solução é uma solução para esse caso e para esse cliente, nessa circunstância e nessa ocasião.


Funcionamento das Constelações Organizacionais

                A forma original da técnica da “constelação” de um sistema consiste em que o cliente escolha “estranhos” para representar os seus funcionários, os departamentos da empresa, os clientes, os fornecedores, os produtos e até a sua família. O cliente coloca estes “representantes” num lugar que sinta que é adequado e duma forma intuitiva. Depois, esses “representantes” dizem o que sentem, que movimentos gostariam de fazer e se sentem que alguém falta. Os representantes movem-se até que sintam que estão num “lugar certo” e se consiga trazer tranquilidade e equilíbrio a todo o sistema. O efeito prático desta metodologia é que o cliente fica com uma imagem da sua situação atual, da eventual solução e dos caminhos que tem de percorrer. Tudo é feito de maneira intuitiva e fluida, o que faz com que a solução seja totalmente integrada pelo cliente e de mais fácil aplicação.


Os temas sistêmicos

                Todos nós pertencemos a muitos sistemas. É normal experimentar tensões que são causadas quando as necessidades de um sistema são incompatíveis com as necessidades de outro. Como pertencemos a vários e diferentes sistemas, mal-entendidos e conflitos entre as várias culturas podem facilmente surgir. Em muitos casos, esses conflitos são relativamente pequenos e são resolvidos instintivamente dentro do sistema (uma espécie de um processo contínuo de autorregularão ou auto nivelamento); mas, noutras ocasiões, isso não acontece e, então, é necessário intervir.


Para que servem?

                Seria normal pensar que, como os seres humanos são seres sistêmicos, todos saberiam automaticamente como comportar–se nos sistemas e interagir com o que nos rodeia. Mas será que o fazemos?
Consideremos as seguintes situações:

• Todos pertencemos a muitos sistemas diferentes, pelo que há a possibilidade de conflito entre os sistemas; mas como é que posso verificar que isso acontece?

• Quando os Princípios Sistêmicos são negligenciados, a organização reage de uma forma inconsciente e poderosa; mas como é que sabemos qual dos princípios foi negligenciado e como o poderemos corrigir?

• As pessoas também trazem os seus sistemas familiares para o trabalho; mas como é que se conseguem descobrir determinados assuntos, originários no sistema familiar, que afetam o sistema da organização?

                Estas perguntas podem ser impossíveis de responder, a menos que se saiba onde e como olhar. Além disso, é necessário encontrar um método que mostre o que está acontecendo. Toda a informação sobre as questões sistêmicas está guardada ao nível do inconsciente coletivo da organização. Com o método das Constelações Organizacionais é possível trazer esta informação e encontrar soluções ou pistas de forma rápida e eficaz. Os sistemas organizacionais são muito complexos, pois estão em contato com muitos subsistemas, inclusivamente com o sistema familiar do indivíduo e de todos os seus colegas de trabalho.


Utilização prática nas Empresas

                A utilização prática das Constelações Organizacionais nas Empresas é muito variada. Uma das formas utilizadas é através de workshops abertos, a que assistem empresários, gestores, executivos, diretores, funcionários, etc. de várias empresas. Alguns trazem as suas questões ou temas para que sejam tratados de forma aberta, utilizando representantes que não se conhecem entre si. Esta forma é muito potente e eficaz. O cliente converte-se em observador e, através das reações dos representantes e do diálogo com o Facilitador, pode ver onde está o problema ou que decisão deve tomar para melhorar a situação da empresa.

                É certo que muitas pessoas não gostam de tratar temas reservados ou confidenciais em ambientes desconhecidos. Nestes casos, utilizam-se as Constelações “cegas” ou “escondidas”, isto é, a informação que se fornece ao Facilitador e aos representantes é mínima ou quase nula. Outra alternativa é fornecer a informação unicamente ao Facilitador e em que os representantes e assistentes não estejam ao corrente da problemática. Assim, consegue-se proteger a confidencialidade. No entanto, cada vez há mais solicitações no sentido de trabalhar de forma totalmente individualizada e personalizada. Neste caso, utilizam-se as Constelações Organizacionais dentro da própria empresa, usando-se várias fórmulas em função da problemática da mesma: pode-se fazer um trabalho individualizado com o Diretor, um trabalho com os empregados e também um trabalho em que participem os funcionários e um grupo externo, como representantes alheios à empresa.


Coaching Sistêmico

                Esta é outra vertente da aplicação desta metodologia, para quando a confidencialidade ou a necessidade o exige. Este trabalho, ao nível individual (cliente – consultor), pode realizar-se recorrendo a diversas formas de utilização, nomeadamente com Figuras de Plástico especialmente desenhadas para as Constelações, com outros objetos que se encontram no escritório do cliente, com cartolinas (âncoras), etc. O consultor conduz o cliente num processo, para que se vá resolvendo e esclarecendo o tema proposto na Constelação. O coaching sistémico é muito utilizado para analisar alternativas antes de uma reunião em que é necessário tomar importantes decisões para a organização ou para preparar negociações.


Team-building

                Esta metodologia também pode ser utilizada como “team-building”, em que se obtêm excelentes resultados: as relações entre todos (empregados e gestores) melhoram, cria–se um verdadeiro espírito de equipe, etc. Fazem-se muitos exercícios sistêmicos para todo o grupo, embora também se possam fazer algumas constelações. Neste caso, recomenda-se que se façam constelações sobre temas externos (clientes, fornecedores, concorrência, novos mercados, novas áreas de negócio, etc.) e também para supervisão (muito eficaz para as empresas de consultoria, grupo de vendedores, assessores, etc.).


Gestão de conflitos

                No caso em que possam existir problemas de relacionamento interno ou de especial sensibilidade entre os empregados, recomenda-se a utilização de outro formato: trabalha-se com os funcionários e, além disso, também participam pessoas totalmente alheias à empresa, com um acordo de confidencialidade em relação a tudo o que aconteça internamente (costumam ser alunos que estão a fazer a sua formação, ou mesmo qualquer outra pessoa que nunca tenha tido nenhum contato, nem conhecimento, com as Constelações Organizacionais).


Lançamento de Marcas e produtos

                Existem já estudos estatísticos dos resultados da aplicação desta metodologia ao lançamento de marcas e produtos no mercado, abertura de novas filiais, etc. O que se faz é a simulação da realidade utilizando toda a informação que o cliente possui (a vários níveis), mesmo que ele não tenha consciência de tudo o que sabe. A visualização das soluções ou dos diversos cenários testados leva a resultados impressionantes duma forma aparentemente simples.


Recrutamento de pessoal

                Nestes casos, a eficácia é muito grande, pois se consegue analisar não só o candidato e as suas características para preencher a função, mas também de que maneira se interliga e inter-relaciona com o sistema onde irá trabalhar e com todos os seus elementos. Muitas vezes o melhor candidato não é obrigatoriamente o que melhor se adapta à estrutura existente e, consequentemente, as suas capacidades não serão totalmente aproveitadas.


Outras aplicações

                Claro que isto são alguns exemplos de aplicações práticas, mas esta metodologia pode ser utilizada em quase todas as áreas de negócios, para uma grande variedade de temas, questões ou problemas: definição de uma estratégia; preparar negociações; integração após fusão ou aquisição de empresas; gestão de projetos; empresas familiares; testar projetos; criação de nova empresa; diagnóstico; gestão de conflitos; como ferramenta de supervisão para consultores; decisões; mudança profissional; encontrar o equilíbrio entre a vida privada e profissional; etc.


O que é uma Constelação

                Através duma Constelação, monta-se o sistema da empresa ou organização para que se consiga trazer à luz toda a informação sobre as questões sistêmicas. Utilizando esta informação, aconselha-se o cliente sobre eventuais soluções que possam restaurar o equilíbrio e a harmonia do sistema. Este método é rápido e processa-se em várias fases, desde o diagnóstico à resolução. Não é necessário fornecer informação pormenorizada sobre a empresa, pelo que a confidencialidade fica garantida.


Quem pode utilizar esta metodologia

                A utilização desta metodologia aplica-se aos gestores e outros responsáveis, com vista à descoberta e resolução de problemas na organização. Isto poderá ser feito para toda a empresa, para uma questão específica, e mesmo como coaching, antes de uma reunião importante onde se preveem mudanças relevantes. A maior parte do trabalho sistêmico é feita para os diretores e responsáveis das organizações ou departamentos, onde a descoberta das Dinâmicas Escondidas dos sistemas é fundamental para o sucesso da empresa ou organização. Também se utiliza muito para os indivíduos reconhecerem a sua posição na empresa, dinâmicas para uma eventual mudança, etc.


Soluções milagrosas

                É importante referir que não há soluções milagrosas. Trata-se de um método muito eficaz e rápido, mas o cliente deve sempre escolher livremente a metodologia que faz mais sentido para ele. Não se poderá dizer que esta metodologia substitui outras, mas sim que é complementar de outras formas de consultoria, apoio, diagnóstico e análise de soluções e alternativas. A solução está sempre no cliente e será sempre o cliente que sabe e decide qual é a metodologia que melhor se aplica à sua questão, ao seu problema, à sua empresa ou ao seu contexto. Esta metodologia só poderá ajudar, nunca solucionar ou resolver.




Resumo

                Trata-se de uma metodologia que, através da sua vivência, a sua compreensão torna-se imediata. A grande valia desta metodologia é a integração dos dois lados do cérebro (esquerdo e direito), o que leva a que o cliente interiorize e integre duma forma rápida as soluções encontradas. É uma metodologia que teve a sua origem na Alemanha há cerca de 20 anos, embora a sua componente organizacional tenha começado só há 10. Os primeiros anos foram concentrados na Alemanha e nos países de língua alemã. Mais recentemente, começou a expandir-se a todo o mundo. O país em que está mais desenvolvida é a Holanda, onde as empresas a utilizam frequentemente, bem como o Governo, Organismos Públicos e as Forças Armadas. Em Portugal, está a dar os primeiros passos, tendo-se obtido resultados  urpreendentes, com soluções simples e rápidas. As potencialidades desta ferramenta são enormes e pensamos que irá alterar o modo de pensar das empresas, dos seus gestores e colaboradores, tornando mais “natural” a vida nas empresas e organizações.

Texto de Cecílio Regojo

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

O QUE NÃO É CONSTELAÇÃO FAMILIAR



    Pessoal, estive resistente em escrever sobre esse tema, mas acho que estamos num momento onde há uma necessidade de alguns esclarecimentos.

    A constelação familiar vem ganhando força, sendo conhecida por muitos, e isso me deixa muito feliz. Saber que um processo de cura tão bonito e tão profundo está crescendo é realmente empolgante. Só que nem tudo são flores, com o crescimento da busca pela abordagem, cresce também a oferta de trabalhos que carregam o nome mas não a essência do que é constelação familiar.

    A ideia deste breve artigo é ajudar as pessoas, principalmente aquelas que nunca tiveram acesso à constelação familiar, ou seja, não participaram de um seminário, palestra, grupo, curso, ou que nunca leram um livro do Bert Hellinger (criador da constelação), ou nunca assistiram nenhum vídeo do próprio Bert (ou de seus professores) demonstrando como é a constelação. Trocando em miúdos, nunca tiveram contato com a fonte.

Vamos lá!

CURA RÁPIDA

    Muitas pessoas têm interesse numa cura rápida e transferem o resultado para algo externo, por exemplo, uma constelação familiar. E esquecem que aqui se trata de um processo de crescimento. Portanto, quando se vende à imagem de que a constelação é uma cura rápida, milagrosa, quase mágica, abra bem seus olhos.

    Você acha realmente que algo de fora, um terapeuta, um medicamento, uma mágica irá simplesmente mudar sua realidade e te fazer feliz? Se a resposta for sim, então, muito provavelmente você cairá em mãos duvidosas. Porém, se você estiver disposto a dar passos rumo a um crescimento pessoal duradouro, sabendo que existe a sua responsabilidade nisso, e que a constelação, como qualquer outro processo será apenas um estimulante para seu caminhar, então, certamente você encontrará profissionais responsáveis.

    Já me ligaram perguntando em quantas sessões a família se cura a tal ponto de todos voltarem a se falar. Outros já me perguntaram se uma constelação é suficiente para curar um transtorno bipolar do filho. Eu já vi muitas pessoas se transformarem realmente, após uma constelação, mas isso está totalmente relacionado à disposição interna da pessoa em encarar seus fantasmas, curar as feridas, e agora, numa postura mais madura, ressignificar sua história. É outro movimento. Escrevi detalhadamente sobre isso neste link:  "constelação familiar a terapia milagrosa"

MANIFESTAÇÃO ESPIRITUAL

    A constelação trabalha com campos de informação. Sheldrake, biólogo, fala sobre campos mórficos e morfogenéticos, que contém todas as informações da espécie e seus subgrupos (como a família, por exemplo). E é esse campo que a constelação mostra: um campo de informações da família, ou do sistema que o cliente está constelando. Nada além disso faz parte da constelação. Não tem espírito que “desce”, nem santo ou anjo que “aparece”, os mortos não dão as caras (apesar de haver sim representantes para eles). Ou seja, manifestações espirituais, não fazem parte da constelação. Isso é crença religiosa. E se você perceber que algum trabalho está seguindo por esse caminho, acione suas anteninhas. Pode ser que o trabalho que você está participando seja muito transformador, mas se tem qualquer comunicação com o “além” não se trata de constelação, e sim outra coisa.

    Uma vez participei de um trabalho que havia muita música, as pessoas cantavam e rezavam. O cliente, que iria constelar sentou-se na frente do terapeuta e ali começou um grande interrogatório. O que me chamou atenção nesse trabalho específico foi o que o terapeuta não seguia às Ordens do Amor (Leis Sistêmicas identificadas por Bert Hellinger, que são a base filosófica do trabalho, mais para frente compartilho um texto sobre isso). Aí pensei:  como pode um trabalho de constelação não respeitar a base da constelação? Fiquei preocupada. Nada de representantes, só rezo e cantoria. Havia umas 20 pessoas e mais da metade não conhecia constelação. Saíram dali achando que era isso. Foi a primeira vez que me preocupei com terminologias.

    Já vi trabalhos onde linhas mais religiosas se misturaram ao trabalho, como umbanda, orações antes das constelações, rituais xamânicos, entre outros. Eu respeito muito o credo de cada um, porém quando se mistura isso à constelação, já não podemos mais chamar de constelação. O trabalho pode ser muito curador, mas é uma mistura, portanto, acredito que um novo nome deveria ser dado.

    Eu sempre me questiono o motivo das pessoas não darem novos nomes ao que se inventa. Seria tão legal, se as pessoas, por exemplo, falassem: Cura da Árvore Genealógica através de Xamãs, ou através de Espíritos Afros, ou algo assim. É como falar “queijo vegano”, sendo que na verdade é um alimento à base se soja (que é delicioso, por sinal, mas sempre percebo que vou em busca do “queijo”). Por mais que o sabor e a textura lembrem a de um queijo, não é queijo. Queijo é feito de leite!  Vamos dar nomes novos ao que é novo!

    Ainda sobre o tema acima, é importante frisar, que nós carregamos as nossas crenças religiosas. E às vezes isso é tão forte, que pode sim aparecer numa constelação. Por exemplo, numa família, onde muitos fizeram parte da igreja, foram seminaristas, essa informação pode surgir, e ser colocado um representante para tal, porém o próprio “santo” não vai surgir e falar com você. É apenas uma informação que já existe na sua família.

DESCOBRI NUMA CONSTELAÇÃO QUE TENHO IRMÃOS

    Atendi muitas pessoas que já constelaram. E ao indagar se a pessoa tem irmãos, ela me responde que sim, que “descobriu” através de uma constelação que tem X irmãos.

Bom, vamos lá!

    Temos acesso a um campo de informação. Esse campo de informação é oculto, inconsciente, mas que contém todas as informações a respeito de seu grupo/espécie. E se sua mãe teve um aborto, essa informação ficará armazenada nesse campo, como num banco de dados. Às vezes, durante uma constelação, o constelador percebe que tem informações faltantes e isso se comprova, ao adicionar na constelação, um representante que se posiciona como um feto, ou uma pessoa falecida (por exemplo, deitado no chão). Quando esse tipo de informação surge durante uma constelação, é muito provável que houve ali uma morte que não foi vivenciado o seu luto, ou que aquela pessoa foi esquecida (falarei sobre isso detalhadamente noutro artigo). Por isso, os mortos são tão “presentes” através das representações. Precisamos viver luto, e luto é ainda tabu.

    Bom, voltando à questão. Não há como ter certeza que aquele representante é um irmão, um filho, um neto. É uma informação forte, presente, mas empírica. Só pode ser comprovado e dito como real, se sua mãe disser à você que ela abortou ou que perdeu um filho. Não podemos dizer que a constelação revelou com precisão que era um irmão. Poderia ser um filho de sua avó.

    De qualquer forma, por favor, se você tiver uma experiência como essa, não vá perguntar a sua mãe se é verdade. Se ela quisesse compartilhar essa informação com você já o teria feito. Respeite o segredo dela. O que você pode fazer? Guardar essa informação, de que existiu um feto, ou alguém que não pôde viver em sua família, e que agora você dá um lugar no seu coração à essa pessoa, mesmo que você não tenha certeza de quem ela é.

    Em alguns livros traduzidos do Bert Hellinger, durante a constelação, ele afirma ser um irmão, um filho. Mas estamos falando do criador do método, certo? Então, particularmente, prefiro ter cuidado com afirmações tão precisas. Prefiro dizer: “é alguém que quer ter um lugar em sua família, talvez um irmão, mas não temos como ter certeza”. Já é suficiente para a liberação e a cura começarem a ocorrer.

NÃO HÁ RITUAIS

    Uma vez em um curso que no qual eu participava como aluna, em um grupo ao meu lado, durante as práticas, um colega pegou um spray com aromas e começou a borrifar nos representantes. Quando a professora se aproximou e questionou o que estava sendo feito ali, os alunos disseram que havia muita energia negativa na constelação e que o spray era de limpeza. Imaginem a bronca que eles levaram.

    Quero deixar claro que respeito todas as terapias possíveis, e tudo que foi criado para melhorar a qualidade de vida é válido. O que quero frisar nesse artigo é que precisamos cuidar com as misturas feitas. Se o constelador quer usar um incenso, colocar uma música, trabalhar com cores, com espíritos, enfim, colocar sua crença ou incorporar outras técnicas terapêuticas no processo da constelação, isso é de responsabilidade do profissional. O que eu acho importante é que nesses casos, seja esclarecido, principalmente para pessoas novas, que esse “adicional” é por conta do próprio terapeuta, e que não faz parte do trabalho do Bert Hellinger.


    Bom, nesse ponto, acho importante relembrar o que é então a constelação familiar, no sentido mais prático, como método. E para isso, compartilho alguns trechos do próprio criador em seu livro A Fonte não Precisa Perguntar Pelo Caminho.

O que é constelação familiar?

    É um trabalho muito profundo, que ocorre normalmente em grupo. “No decorrer das constelações o cliente escolhe, dentre os participantes, representantes para os membros de sua família que são importantes, portanto, o pai, a mãe, os irmãos, etc. Então, concentrado e a partir de seu sentimento interno posiciona-os, uns em relação aos outros”. 

    “Durante o processo o constelador faz perguntas básicas: se alguém é casado, tem filhos, se houve algum parceiro antigo. Ou se morreu alguma criança. Ou seja, fatos importantes. Informações breves e curtas. Não há necessidade de saber se o pai do bebê é bom ou mau, se é dominante ou submisso. O que conta são fatos externos.”

    “Os representantes que forem escolhidos colocam-se à disposição. (ou seja, livre de intenções, pensamentos, desejos, normalmente de olhos abertos, braços relaxados). Tão logo os representantes estejam na constelação, sentem como as pessoas que eles representam. Às vezes até mesmo sentem sintomas físicos. Portanto, é necessária uma certa coragem para entregar-se a isso.  Daquilo que se mostra, ou que vem à luz, resulta como um passo à uma solução dentro do que o cliente busca.”

    “Através de uma constelação familiar origina-se um campo de força. Quem entra nesse campo de força, como representante de um membro da família, comporta-se como alguém que pertence a esse campo de força. Provavelmente a família é um campo de força. Rupert Sheldrake fala de campos morfogenéticos. Isso quer dizer que nesse campo de força continuam agindo certos padrões que estavam ali, como compulsões, vícios, coisas que se repetem. Por isso, quando os representantes penetram nesse campo, sentem como as pessoas reais”.

    “As constelações são na verdade algo simples. Escolhemos representantes para as pessoas de referências importantes e as colocamos umas em relação às outras. De repente, aparece algo oculto, que vem à luz através da constelação, por exemplo, alguém que foi excluído. Após a constelação, é importante que o cliente tenha um tempo para si, para que tudo possa ser acomodado dentro de sua alma. Não se analisa nem se interpreta uma constelação.”

    Para finalizar, acredito, que cada pessoa está no lugar, hora e com as pessoas certas, vivendo as experiências certas para si. Também acredito que tudo serve ao nosso aprendizado. Nosso ser interno, nossa consciência, intuição, ou o nome que quiser dar a isso, nos direciona sempre àquilo que é importante ao nosso crescimento. Assim sendo, só resta agradecer à todas as vivências e lugares que passamos e confiar que o que é certo para nós se apresentará.

 Grande abraço,
Aline


terça-feira, 7 de agosto de 2018

Constelação Familiar, a Terapia Milagrosa



Parece mágica, em uma sessão você muda sua vida! É uma terapia milagrosa!

Sim, esse é um dos “slogans” que vi por aí ao divulgar o trabalho da constelação familiar. E confesso que me preocupo com o que está sendo difundido a respeito de um trabalho tão sério, profundo e que levou muito tempo para se estruturar.

Vamos por partes!

Trabalho com terapias há muitos anos, em sua maioria, na linha das terapias alternativas, e com a constelação pouco mais de seis anos. Porém nos últimos dois, teve um “boom” nas constelações: mais divulgação, mais demanda, e consequentemente mais oferta e é aí que quero chegar: como está a qualidade e a veracidade dessa oferta, afinal assim como se multiplicaram os profissionais oferecendo a abordagem, também cursos e formações duvidosas se espalharam feito pólvora, levando a “slogans” como esse.

Claro que é maravilhoso quando mais pessoas podem ter acesso a algo que possa fazê-las olhar a vida e a realidade de outra forma, se harmonizar com suas raízes e fazer as pazes de uma vez por todas com sua história, aumentando a qualidade de vida. E a constelação é um excelente caminho para isso. Repito: CAMINHO. Sim, porque a constelação é uma forma de se caminhar pela vida, de olhar e ressignificar a sua história e de seus ancestrais e com a realidade como um todo, fazendo com que, passo a passo, você possa se sentir mais pleno e mais forte. 

O próprio criador da constelação, Bert Hellinger, em seus mais diversos livros e palestras fala que aqui se trata de um caminho do conhecimento (mais tarde escreverei sobre isso de forma profunda). Porém, não é o que está sendo difundido por aí. Propagandas de que a constelação é uma terapia rápida e que traz soluções milagrosas tem surtido um efeito negativo, e confesso que me perturba um pouco. 

Primeiro porque não vejo a constelação como terapia, ela está mais para uma filosofia aplicada do que terapia em si. Isso se mostra, ao ver que não há necessidade de ser um terapeuta ou psicólogo para ser constelador. Pelo contrário, no Brasil, por exemplo, a constelação vem ganhando força no meio jurídico, onde advogados, juízes e outros do ramo estão usando a abordagem com sucesso em mediações. 

Além do que, para entrar nessa caracterização, haveria a necessidade de sessões semanais ou sequenciais como toda terapia exige. E a constelação não funciona assim. Você faz uma constelação e não volta a falar com o constelador para “analisar” sua constelação. Eu observo muitas vezes que quando se constela, existe sim efeitos terapêuticos, ou seja, a pessoa se sente melhor, mas não significa que seja terapia. A abordagem em sua origem e desenvolvimento, possui ferramentas que foram agregadas de processos terapêuticos como a análise transacional, técnicas de PNL, psicanálise, terapia primal, e talvez por isso a confusão.

Uma pessoa me disse uma vez que falar que a constelação é terapia fica mais fácil para o outro entender. Bom, aí é de cada um, mas eu prefiro esclarecer as coisas. Explicar constelação é muito desafiador, eu ainda tenho certa dificuldade, pois, é um processo profundo, filosófico e sensorial, é experiência. Não tem como explicar experiência, afinal cada ser humano vivencia uma experiência de forma diferente. 

O que é possível explicar é o processo de constelar, o método em si, mas constelação como filosofia, assim como os temas que ela aborda, levaria muito tempo mesmo. Entendo que em poucos minutos com um cliente novo, ou com alguém que não conhece nada é desafiador sim. Nesses casos, convido a pessoa à experimentar estar num grupo de constelação. E a teoria buscar em livros, artigos, cursos, palestras.

Eu vi muitos casos onde a pessoa constelou uma questão e teve uma sacada tão grande, posso até arriscar a dizer, uma cura tão grande, que eu fiquei encantada com a benção que essa pessoa recebeu. Mas, não é sempre assim. Quando as pessoas me procuram pela constelação, eu sempre oriento que não sei qual será o efeito da constelação. 

Essa semana eu recebi uma mensagem de alguém que constelou algo e que afirmou que “nada resolveu” e estava muito brava dizendo o quanto tudo isso era uma farsa. Quando recebo esse tipo de feedback, me questiono o que foi “vendido” para ela, como foi ofertado o trabalho da constelação, para que essa pessoa tivesse uma expectativa tão alta a respeito de uma possível resolução? 

E ao me questionar isso, me vem à mente a informação de que a grande maioria das pessoas não querem assumir a responsabilidade pela sua vida, história, decisões (conscientes ou não) e pela sua mudança. Elas esperam sempre que o mundo vai mudar, as pessoas precisam mudar, e o terapeuta, o constelador, o psicólogo, o médico, o remédio vai ser a cura milagrosa para não precisar assumir a sua responsabilidade.

Tenho um grupo de amigos que são facilitadores de constelação, além de excelentes terapeutas em diversas áreas, e temos uma dúvida (quase uma brincadeira) interna: há anos nesse CAMINHO das constelações, já constelamos dezenas de vezes e ainda precisamos constelar temas, curar feridas, aceitar pessoas que julgamos e excluímos, assumir cada vez mais nossa responsabilidade diante da vida. O que falar para aqueles que nos procuram com a seguinte pergunta: “uma constelação é suficiente para resolver meu problema?”

Bom, a resposta é simples: Não sei se uma constelação é suficiente. Posso dizer que a constelação é um caminho, talvez o início de um caminho, onde pode haver apenas um pequeno passo em direção a uma solução ou talvez já seja o caminho todo. Cada um sabe o que é melhor e o que é suficiente.

Uma coisa é certa: estamos todos aqui para nos desenvolvermos e nada melhor que as maiores lições de alma estejam justamente no seio familiar, afinal, mesmo que não tenhamos convívio social com os membros de nossa família, carregamos suas memórias em nossas células. Herdamos isso. Queiramos ou não, gostemos ou não, está tudo em nós.

Mas se você escolher o caminho das constelações familiares, saiba que profundas mudanças poderão acontecer sim. Profundas não é o mesmo que rápidas.

Aline Charane

sexta-feira, 8 de junho de 2018

OS MORTOS NAS CONSTELAÇÕES FAMILIARES




“Vida e morte se penetram reciprocamente. Só podemos viver se sabemos da presença da morte e com ela estamos em harmonia”. Bert Hellinger

                Muitos de nossos problemas têm a ver com os mortos do nosso sistema familiar. Eles nos influenciam e talvez nós também os influenciamos. Quando algo em relação aos mortos da nossa família ainda se encontra sem solução, isso acaba atuando de modo perturbador no presente. Nesse sentido encontramo-nos presos ao passado, ao invés de olharmos para o futuro.
                Como o luto em relação aos mortos tem mais êxito? Quando agradecemos os mesmos. Quando olhamos para as coisas boas que deles recebemos e dizemos: “eu sou grato, conservo o que você me deu e em sua memória farei algo de bom com isso”. De repente os mortos podem libertar-se, pois aquilo que nos deram continua atuando, isto é, realizaram o seu objetivo. O luto alcança seu objetivo quando nos entregamos à dor e, através dela, respeitamos e honramos os mortos. Pelo contrário, quem mantém o luto por muito tempo segura os mortos, embora eles queiram ir.
                Esta é uma forma. Porém, muitos ainda estão zangados com os mortos, ressentem-se deles. Muitos clientes que nos procuram ressentem-se de seus pais, embora talvez já estejam mortos há muito tempo. Dessa forma os vivos continuam ligados aos mortos e talvez os próprios mortos também não estejam em paz, pois nós os seguramos através de nossas expectativas e exigências. Qual a solução aqui? É dizer: “não importa o que tenha acontecido, foi precioso para mim”. Aquilo que foi, independente do que foi, torna-se uma força a nosso favor à medida que concordamos. Torna-se um peso apenas quando o rejeitamos.
                Mas, algumas vezes, sentimos que cometemos tamanha injustiça em relação a eles, que causamos danos irreparáveis, talvez até nos sintamos culpados em relação a sua morte. Como lidamos com isso? Dizendo: “sei o quanto a culpa me pesa, mas mesmo assim fico com ela. Não farei nenhuma tentativa de me livrar dela, como por exemplo, através de uma expiação. Por ficar com ela, possuo uma força especial e por isso farei algo de bom através dessa força, em sua memória”. Assim esses mortos podem ficar em paz conosco. E nós também ficamos em paz.
                Na maioria das constelações trata-se, de uma forma ou de outra, da vida e da morte. Dificilmente se encontra uma família onde a morte não tenha arrebatado um membro mais cedo do que julgamos ser justo. Despedir-se dos mortos de um modo digno e consciente é extremamente importante para a saúde de nossa alma. Isso se percebe também pela energia e pelo esforço que se despendem na guerra para abrigar e sepultar dignamente os mortos. Isso é compreensível pelo lado dos vivos; mas que também os mortos necessitam que os vivos saibam de sua morte e se despeçam deles é algo difícil de entender, pois nada sabemos sobre os mortos.
                Entretanto, nas constelações eles são representados por pessoas vivas, elas não podem representá-los em sua realidade, como mortos, mas podem representá-los em seus efeitos sobre a alma dos vivos e os mortos, mesmo para além da morte. Pelo comportamento muitas vezes surpreendente dos representantes dos mortos e pela força que deles provém, em muitas constelações, podemos apenas pressentir que aí atuam forças mais poderosas do que podemos imaginar com a nossa maneira habitual de considerar os mortos.
                Despedidas entre vivos e mortos, que não puderam acontecer na realidade, podem ser resgatados pelas constelações. Com a morte, o processo de morrer ainda não cessa. Morrer é um processo longo e para alguns leva um longo tempo até que encontrem paz. Leva mais tempo para os agressores. Quando olhamos para isso de forma mais ampla, vemos que ele é a vítima que mais sofreu e que mais precisa sofrer. O agressor só encontra paz quando está deitado ao lado das vítimas mortas. Mas ele não pode ir até lá por conta própria. Somente quando as vítimas lhe dão um lugar junto a elas, pode ir até elas.
                No decorrer dos anos, no trabalho com as constelações familiares tornou-se cada vez mais claro que entre os sobreviventes e os mortos, bem como entre os perpetradores e suas vítimas, se estabelece um vínculo profundo, que ultrapassa os diretamente atingidos e se estende aos descendentes deles. Por exemplo, soldados que voltaram da guerra sentem-se, de modo especial, ligados aos seus companheiros mortos e também, da mesma forma, aos inimigos que mataram. Em consequência, descendentes de soldados que sobreviveram voltam-se para os companheiros e inimigos mortos de seus pais e avós, querem colocar-se ou deitar-se ao seu lado e sentem um desejo, na aparência surpreendente, de morrer ou também, às vezes, de matar-se. Eles estão apenas assumindo o desejo inconsciente ou reprimido de seus pais e avós, de estar com seus camaradas e inimigos mortos.
               

vida e morte


                A vida vem de longe e nós não sabemos onde é a sua nascente. Ela flui de longe para nós. Ela vem da origem, nos toma, nos usa, nos toma a serviço e nos deixa cair de volta à origem, seja ela qual for. A alma conhece a origem e a procedência da vida. E ela tem uma ânsia de voltar à origem – depois de um tempo. Assim como a vida nos captura, sentimo-nos carregados por ela e sabemos, ao mesmo tempo, que ela está suspensa por um fio de seda. Esse fio se rompe depois de algum tempo – e nós submergimos de volta à origem.
                A alma não tem medo desse movimento. O eu, às vezes tem medo. Quem está em harmonia com esse movimento, comporta-se de acordo com aquilo que apoia a vida. Pois a vida, quando nos captura, exige de nós também a aceitação desse movimento. Assim, estamos tanto em harmonia com a vida como também com o fim, quando chega a hora.
                Na alma existe uma atração em direção aos mortos e ao morrer. Esse é um movimento muito suave e profundo. Todo movimento da vida é, pois, um movimento para lá de onde ela emergiu. Às vezes, vem desse movimento, do ir com ele, algo como um vento ascendente, como uma corrente térmica que eleva. Pois, alguns vão muito cedo com esse movimento. Vão para a morte antes do tempo, e isso é ruim.
                Existe um tempo e uma ordem adequados para esse movimento à vida e, então, de volta à origem. Existem alguns que renunciam à vida antes do tempo, quando o movimento ainda não está realizado. Se, por exemplo, uma criança perde cedo um de seus pais, então tem a ânsia de ir para o pai ou para a mãe ou, também, para um irmão que morreu precocemente. Ela acha que se ceder a esse movimento os reencontrará. Essa é uma ideia infantil. A solução seria reencontrar o caminho de regresso ao grande contexto e deixar-se recapturar e carregar pela vida, tanto quanto a vida queira e permita. Então, se está em harmonia.
                A morte é maior que a vida. O reino dos mortos é o maior reino e é aquilo que permanece. A vida é algo transitório, algo que emerge e torna a submergir. O grande é aquilo de onde emerge a vida, e onde ela mergulha e torna a submergir. Quando morremos passamos a um outro estado do qual nada sabemos. Por isso, para mim, a vida tampouco pode ser o máximo ou o maior. Aquilo de onde a vida emerge tem de ser maior que a vida.


Trechos adaptados de Bert Hellinger em seu livro A Fonte não Precisa Perguntar pelo Caminho

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Êxito nos Negócios e na Profissão

Às vezes separamos a felicidade entre: felicidade na família ou pessoal e felicidade profissional ou negócios, como se pudéssemos separar. Bert fala que ambos caminham juntos e possuem as mesmas leis do êxito e do fracasso, e as mesmas ordens do amor atuam sobre ambas as áreas.
                Bert fala que nosso primeiro êxito é o nascimento. Neste ato tivemos que provar pela primeira vez nossa capacidade de se impor, e este primeiro êxito atua para o resto da vida. É desta primeira experiência que acessamos a força para as próximas experiências de êxito. Então, a forma como nascemos, se foi de fórceps, cesárea, se tivemos que ir para incubadora, se foi prematuro, todas estas experiências têm efeitos mais adiante. Porém, todos eles podem ser sanados, pelo menos em parte.
                O segundo êxito é o movimento em direção à nossa mãe, agora como um ser separado dela e que vai em direção ao peito para nutrir-se, para experimentar a primeira ordem de abundância, a nutrição.  Através do leite, ingerimos a vida, o alimento que fará com que cresçamos.  Portanto, temos que tomar a mãe como fonte de vida e crescimento, com tudo o que flui através dela. Com nossa mãe tomamos a vida. Portanto, tomamos a vida na medida que tomamos nossa mãe. Este tomar é ativo, sugamos o leite para que ele flua até nossa boca.
                Mais tarde a vida mostra se realmente tomamos nossa mãe: quem conseguiu tomar plenamente terá êxito e será feliz. Na medida que se rejeita a mãe, também o trabalho, a vida ou a profissão é rejeitada. Da mesma forma que a profissão, o trabalho e a vida o rejeitam. Se eu disfruto de minha mãe, tal como ela é, então posso disfrutar a vida e o trabalho. Portanto o êxito começa com nossa mãe.
                Como já vimos anteriormente, muitas vezes este movimento de ir em direção à mãe é interrompido. Quando isso acontece, a criança tem dificuldades de tomar sua mãe e a dor da separação a impede de ir em direção à vida e ao êxito. Muitas vezes esse movimento interrompido se manifesta quando a pessoa deseja que o êxito venha até ela ao invés dela ir em direção ao êxito.
                Também necessitamos a força e a energia de nosso pai; ele representa o Mundo, o ir ao mundo com compromisso, persistência, responsabilidade, entrega. Sua energia nos apoia para dar o que necessita dar em troca do êxito: trabalhar, fazer, atuar. E por tudo isso, também o honramos, vivo ou morto, conhecido ou desconhecido de nós.
                O êxito e a prosperidade também tem a ver com outros fatores: a família, os valores, as crenças e as imagens que nos ensinaram em relação ao dinheiro, à prosperidade. Se por um lado, registramos tudo isso na infância, por outro lado, temos lealdades invisíveis e inconscientes para com membros de nossa família, no qual muitas vezes nem conhecemos.
                Por gerações nos ensinaram que o êxito e a abundância são resultado de trabalho duro, de ter emprego numa empresa, ter salario fixo, e uma aposentadoria. Mas na prática não é o que vemos. Milhões de pessoas no mundo trabalham arduamente e apenas ganham o suficiente para sobreviver, enquanto outras, uma minoria, goza de grande influência econômica com menos horas de trabalho.
                 Portanto se imagens negativas do dinheiro estão em nossa mente, cada vez que o dinheiro venha para nós, a mente dirá NÃO e de alguma forma, consciente ou inconscientemente, daremos um jeito do dinheiro não chegar em nossas mãos. Tudo está relacionado com nossa maneira de pensar, nossas crenças, nossas imagens internas e a forma como nos relacionamos com nós mesmos e com valores éticos e espirituais, assim como a história de nosso clã familiar.
                Outro fator importante no êxito se trata da tua relação contigo mesmo. A autoestima tem um papel importante no êxito de qualquer pessoa. Se quiser ter prosperidade deve reconhecer suas capacidades, habilidades, valores, dons, talentos e experiência.

                 Além disso, precisamos também entender a amplitude da palavra êxito, que pode significar: dinheiro, prestígio ou reconhecimento e satisfação pelo que faz. 

Texto livre extraído livro de Bert hellinger: Êxito nos Negócios e na Profissão.