terça-feira, 24 de maio de 2016

O trauma do nascimento

“No Renascimento consideramos que há 9 traumas humanos. Também chamamos de inibidores da felicidade humana.

Os traumas humanos nos desconectam de nossa natureza divina. Estes inibidores de nosso estado natural de benção nos fazem esquecer quem somos na realidade e nos empurram a criar mecanismos de autodefesa.

Durante os primeiros anos do movimento de Renascimento, Leonard Orr falava de cinco grandes traumas: o trauma do nascimento, negativos específicos, síndrome da desaprovação parental, impulso subconsciente de morte e as vidas passadas. Anos mais tarde incorporou o trauma da escola, o trauma da religião e a senilidade. Em 2009, decidi acrescentar a repressão do feminino. Hoje falarei um pouco sobre o trauma de nascimento.

Durante o ciclo de dez sessões, se trabalha com os traumas humanos. De sessão em sessão, o renascedor aprofunda nas questões específicas do nascimento e infância do cliente. Desta forma, se mostra com clareza quais destes traumas o afeta mais e normalmente se começa por aí.

As sessões de renascimento reparam o dano físico, mental e emocional produzido no nascimento como resultado da luta por tomar a primeira respiração.

Talvez o nascimento seja o momento mais difícil da vida e a dor principal é causada por vários fatores, desde a ignorância dos profissionais implicados, até a forma do parto (cesárea, fórceps, etc).

Esta é a razão principal pelo qual as pessoas subventilam quando respiram; seu mecanismo respiratório está inibido porque estão reprimindo o medo que sentiram de seu nascimento. A maioria das pessoas necessitam várias sessões de Renascimento para poder sentir-se o suficientemente seguras para se conectar neste medo e liberá-lo.

Durante nosso nascimento tomamos nossa primeira respiração, cristalizamos esta primeira experiência do universo físico e extraímos muitas conclusões sobre nós mesmos e sobre o mundo. Tristemente esta experiência frequentemente é dolorosa.

Os pais, especialmente a mãe, entregam seu poder para médicos, em vez de fazer uma boa preparação para o parto (que deveria incluir a superação de seu próprio trauma de nascimento), para estar mais conectada com seu bebê e sua intuição. A experiência demonstra que, se a mãe não superou seu próprio trauma de nascimento, terá tendência de repetir o mesmo tipo de complicações quando der à luz. Da mesma forma que se o pai não superou seu próprio trauma de nascimento, será difícil oferecer uma presença amorosa e um apoio de qualidade.

Como o nascimento é uma co-criação entre o bebê e seus pais, prover um nascimento natural e amoroso é a forma no qual, todos podem curar-se e começar a ter relações amorosas e respeitosas.

A falta de preparação deixa lugar a todo tipo de práticas desnecessárias e traumáticas, tanto para a mãe como para o bebê. Desta forma, se perpetua a ideia de que a vida é uma luta e que é difícil o que propicia a violência neste mundo.

A chegada de um novo ser a este mundo é um acontecimento absolutamente sagrada e deveria ser um ato de amor, segurança e respeito. Frederick Heboyer, primeiro médico francês que começou a trabalhar com o parto natural, demonstra em suas pesquisas que os bebês nascidos sem violência chegam a ser crianças mais tranquilas e adultos mais equilibrados.

Impressiona, às vezes, a raiva e a dor que pode chegar a expressar através dos gritos do bebê que teve um nascimento violento e não respeitado.  O cordão umbilical, por exemplo, deveria ser cortado vários minutos depois do nascimento do bebê. É importante que o bebê tome suas primeiras respirações com o cordão umbilical intacto e com toda a segurança que ele transmite. Quando se corta o cordão enquanto ele ainda pulsa, faz com que o bebê sinta que não recebe ar e que vai morrer. Como consequência, toma sua primeira respiração com urgência, escassez e dor.

Cada tipo de nascimento imprime uma memória celular que tem impacto enorme sobre a pessoa. Embora cada situação seja única e cada bebê tem sua própria forma de interpretar a realidade, as pesquisas revelam padrões parecidos segundo cada tipo de nascimento. A forma como nascemos é também nosso primeiro êxito na vida, e nosso subconsciente registra todos os momentos pelos quais passamos como modelo de êxito. Costumamos repetir este “guia” em muitas áreas de nossa vida, principalmente quando fazemos algo novo. Por isso, é importante mudar as partes dolorosas deste “guia”.” 

Texto de Fanny Van Laere