quarta-feira, 30 de abril de 2014

A Ajuda, pela Visão das Constelações Familiares

Nós, seres humanos, dependemos, sob todos os aspectos, da ajuda dos outros, como condição de nosso desenvolvimento. Ao mesmo tempo, precisamos também de ajudar outras pessoas. Aquele de quem não se necessita, aquele que não pode ajudar outros, fica só e se atrofia. O ato de ajudar serve, portanto, não apenas aos outros, mas também a nós mesmos. Via de regra, a
ajuda é um processo recíproco, por exemplo, entre parceiros. Ela se ordena pela necessidade de compensar. Quem recebeu de outros o que deseja e precisa, também quer dar algo, por sua vez, compensando a ajuda.
Muitas vezes, a compensação que podemos fazer através da retribuição é limitada. Isso ocorre, por exemplo, em relação a nossos pais. O que eles nos deram é excessivamente grande, para que o possamos compensar dando-lhes algo em troca. Só nos resta, em relação a eles, o reconhecimento pelo que nos deram e o agradecimento que vem do coração. A compensação pela doação, com o alívio que dela resulta, só se consegue, nesse caso, repassando essa dádiva a outras pessoas: por exemplo, aos próprios filhos.
Portanto, o processo de tomar e de dar se processa em dois diferentes patamares. O primeiro, que ocorre entre pessoas equiparadas, permanece no mesmo nível e exige reciprocidade. O outro, entre pais e filhos, ou entre pessoas em condição superior e pessoas necessitadas, envolve um desnível. Tomar e dar se assemelham aqui a um rio, que leva adiante o que recebe em si. Essa forma de tomar e dar é maior, e tem em vista também o que virá depois. Nesse modo de ajudar, o que foi doado se expande. Aquele que ajuda é tomado e ligado a uma realização maior, mais rica e mais duradoura.
Esse tipo de ajuda pressupõe que nós próprios tenhamos primeiro recebido e tomado. Pois só então sentimos a necessidade e temos a força para ajudar a outros, especialmente quando essa ajuda exige muito de nós. Ao mesmo tempo, ela parte do pressuposto de que as pessoas a quem queremos ajudar também necessitam e desejam o que podemos e queremos dar a elas. Caso contrário, nossa ajuda se perde no vazio. Então ela separa, ao invés de unir.
Devemos, portanto, dar apenas o que temos, e esperar e tomar somente aquilo de que necessitamos. A desordem começa quando uma pessoa quer dar o que não tem, e a outra quer tomar algo de que não precisa; ou quando uma espera e exige da outra algo que ela não pode dar, porque não tem. Há desordem também quando uma pessoa não tem o direito de dar algo, porque com isso tiraria da outra pessoa algo que somente ela pode ou deve carregar, ou que somente ela tem a capacidade e o direito de fazer. Assim, o dar e o tomar estão sujeitos a limites, e pertence à arte da ajuda percebê-los e respeitá-los.
Essa ajuda é humilde, e muitas vezes, em face da expectativa e da dor, ela renuncia a agir. Essa humildade e renúncia contradizem muitas concepções usuais sobre a correta maneira de ajudar.  A ajuda está a serviço da sobrevivência, por um lado, e da evolução e do crescimento, por outro. Todavia, a sobrevivência, a evolução e o crescimento também dependem de circunstâncias especiais, tanto externas quanto internas. Muitas circunstâncias externas são preestabelecidas e não são modificáveis: por exemplo, uma doença hereditária, as consequências de acontecimentos ou de uma culpa. Quando a ajuda deixa de considerar as circunstâncias externas ou se recusa a admiti-las, ela se condena ao fracasso.
Para muitos ajudantes, o destino da outra pessoa pode parecer difícil, e gostariam de modificá-lo; não, porém, muitas vezes, porque o outro o necessite ou deseje, mas porque os próprios ajudantes dificilmente suportam esse destino. E quando o outro, não obstante, se deixa ajudar por eles, não é tanto porque precise disso, mas porque deseja ajudar o ajudante. Então, quem ajuda realmente está tomando, e quem recebe a ajuda se transforma em doador.
O trabalho da constelação familiar aproxima o que antes estava separado. Nesse sentido, ele está a serviço da reconciliação, sobretudo com os pais. O que impede essa reconciliação é a distinção entre bons e maus membros da família, tal como é feita por muitos ajudantes, sob o influxo de sua consciência e de uma opinião pública presa nos limites dessa consciência. Por exemplo, quando um cliente se queixa de seus pais, das circunstâncias de sua vida ou de seu destino, e quando um ajudante se associa à visão desse cliente, ele serve mais ao conflito e à separação do que à reconciliação. Portanto, alguém só pode ajudar, no sentido da reconciliação, quando imediatamente dá um lugar em sua alma à pessoa de quem o cliente se queixa. Assim, o ajudante antecipa na própria alma o que o cliente ainda precisa realizar na sua.

Adaptado do livro Ordens de Ajuda, Bert Hellinger, criador das Constelações Familares Sistêmicas

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Perguntas e Respostas sobre Constelações Familiares

O que é constelação familiar?
Trata-se de um método de ajuda baseado nas descobertas do alemão Bert Hellinger, que utiliza de pessoas que estão presentes no grupo como representantes para membros da família ou grupo social do cliente. Hellinger descobriu 3 (três) leis naturais que regem os relacionamentos humanos e tais leis são tão verificáveis quanto a lei da gravidade, se nos dermos ao trabalho de observar. São também chamadas de 3 leis do amor que são: hierarquia (estabelecida pela ordem de chegada), pertencimento (estabelecido pelo vínculo), equilíbrio (estabelecido pelo dar e tomar/receber). Quando tais leis são violadas numa família, surgem compensações que atuam nos membros da mesma, como: depressões, doenças, problemas nos relacionamentos, dificuldades financeiras, etc . Graças à representação, o cliente pode perceber para onde olha o seu amor e o que ele pode fazer para que tais leis possam ser novamente respeitadas. Então ele pode, talvez, enxergar o próximo passo que o conduza de uma maneira mais leve na vida, solucionando a questão que o incomoda.

Por que o nome "Constelações"?
O nome original do trabalho desenvolvido por Bert Hellinger em alemão é Familienaufstellung e significa, numa tradução literal, "Colocação [Representação] familiar". Porém o verbo "stellen" em alemão foi traduzido ao inglês como "constellate", ou seja, posicionar certos elementos numa configuração dada. Como o primeiro livro traduzido ao português veio do inglês e não do original em alemão, foi então traduzido como "constelações familiares". O termo "constelação" aqui nada tem a ver com estrelas, astrologia, esoterismo ou similares, mas tem sim uma conotação de uma representação, uma colocação onde os elementos são posicionados numa certa configuração de relações.

Esta abordagem tem algo em relação a alguma religião?
Não. A abordagem não está ligada a nenhuma religião ou credo. Também não pressupõe a necessidade de que o cliente creia em nada de antemão. É uma abordagem empírica e é baseada na própria percepção do cliente e dos representantes. Quem quer que misture essa abordagem com religião não está seguindo a metodologia segundo ela foi criada.

Qual é a base científica para  os fenômenos observados nas constelações familiares?
O fenômeno das constelações é ainda algo em estudos. Não se firmou totalmente a base científica para o mesmo, mas os melhores estudos a respeito foram feitos pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake, que criou a Teoria dos Campos Morfogenéticos e estudou o fenômeno também em animais com grande êxito. Ele publicou diversos livros sobre o fenômeno e executou inúmeras pesquisas cientificas com grande rigor estatístico. Os livros dele foram traduzidos para  o português, sendo alguns dos mais conhecidos: "Por que os cães esperam seus donos" e "A sensação de estar sendo observado," que foram publicados pela editora Cultrix. As pessoas interessadas em compreender melhor esse fenômeno devem buscar ter as respostas através de estudos como o de Sheldarake, pois durante nossos cursos  não nos ocupamos em explicar ou estudar o fenômeno em si, apenas o utilizamos em benefício do cliente para auxiliá-lo a esclarecer suas questões.

O que seria um Workshop de Constelação Familiar?
Um workshop vivencial é uma experiência, geralmente de 1 dia, onde se reúnem pessoas que desejam solucionar alguma questão pessoal. Num workshop assim, a proposta é única, e somente trabalharmos com o interessado durante aquele evento, a partir de uma necessidade trazida por ele. 

Posso ir com meu parceiro (a)?
Claro! O trabalho de um cônjuge, mesmo que seja de um tema pessoal, permite ao outro que o acompanha, perceber como os movimentos de amor de seu parceiro (a) se desenvolvem. Permite ver como por trás do que o outro faz atua um amor profundo, antes não percebido e isso enriquece a relação e a compreensão mutua. Há exceções é claro, por exemplo, quando um dos cônjuges não deseja que o outro vá. Nesses casos, o melhor é aceitar a necessidade de privacidade do outro. No entanto, temos recebidos muitos casais em nossos Treinamentos e o que se mostra é que eles se unem ainda mais, caminham e crescem juntos!

Posso constelar para meu filho?
Isso depende. Por regra, os pais podem fazê-lo por seus filhos pequenos, mas nem sempre pelos filhos adultos. O motivo é simples. Uma criança está sob grande influencia de seus pais e portanto, muitos dos fatores que atuam numa criança passam pelo comportamento dos pais. Já com filhos adultos, a chance de que uma mudança no comportamento dos pais possa vir a ter algum efeito nos mesmos é muito menor. 

Posso colocar uma questão de saúde?
Sim. Atente, porém que esse trabalho não é um substituto para o tratamento médico adequado. Temos tido experiências muito enriquecedoras trabalhando com esse tema.

É necessário que o cliente saiba de todas as informações relativas a seus pais, avós e bisavós?
Não. Não é necessário. Como regra, quase sempre aquilo que atua em uma família nem sempre é totalmente sabido por todos os membros dessa família. Por exemplo, é comum que relações amorosas dos pais ou avós que antecedem o casamento dos mesmos sejam pouco conhecidas pelos filhos ou netos. Sendo assim seria inútil a alguém querer saber de antemão todas as informações relevantes, mesmo porque essa pessoa não saberia exatamente que informações buscar e nem com quem da família deveria fazê-lo. Habitualmente as constelações tem a propriedade de descortinar as informações cruciais que tem relevância. Aliás, esse é o maior mérito dessa abordagem. Assim sendo, para quem deseja participar, sugerimos apenas relaxar e participar sem se ocupar em levantar informações prévias. O essencial se mostra através do trabalho em si.

Posso constelar e ir embora?
Pode. Porém é uma pena, por várias razões. A primeira é que num workshop o trabalho dos demais integrantes é uma grande oportunidade de aprendizado para todos. A segunda é que sendo representante ou assistindo ganha-se ainda muito mais. Assim você pode sair de um workshop com muito mais. Além do que foi buscar com sua questão especifica, ou seja, o maior aproveitamento esta em participar todo o tempo.A terceira é que para que um integrante tenha a oportunidade de ter sua família representada, ele usa os demais integrantes do grupo como representantes, se cada pessoa for indo embora na medida que constela, quem estará disponível para os demais que ficaram? 

Posso colocar mais de uma questão num mesmo workshop?
Não. Há muitas razões pelas quais isso não é desejável. Além das restrições de tempo, observamos ao longo dos anos que uma constelação produz um profundo efeito na pessoa que a experimenta. Houve situações no início de nossa experiência com as constelações em que fizemos com alguns clientes mais de uma constelação no mesmo workshop. O que observamos é que a pessoa ficava bastante "sobrecarregada" e cansada. Além disso, a consecução de dois trabalhos num intervalo de tempo tão curto produz uma certa "perda de foco" no cliente que se vê avassalado por uma grande carga de informação emocional. Sendo assim, não recomendamos e nem procedemos a mais de uma constelação com o mesmo cliente num único workshop.

Quero ler algo sobre esta abordagem, onde posso encontrar?
Hoje, graças ao trabalho que também desenvolvemos junto à Editora Atman, existem muitos títulos traduzidos para o português. Há duas editoras que traduzem e publicam trabalhos de Hellinger e outros autores sobre Constelações Familiares: a editora Cultrix (www.cultrix.com.br) que tem 9 títulos publicados sobre esse tema e a editora Atman (www.atmaneditora.com.br) com 20 títulos publicados. Essa última editora também publica DVD’s com vídeos de trabalhos de Bert Hellinger, e não cobra frete no envio de mercadorias para todo o Brasil, o que facilita as compras através do site. Você também pode encontrar os livros da Cultrix no site da Atman. Há ainda alguns textos em nosso site sobre diversos temas relacionados à abordagem. 

É indicado que vá a família inteira para constelar?
Não é preciso, no entanto isso não é proibido. Já tivemos diversas situações onde muitos membros de uma mesma família estavam presentes num grupo, e em todas as ocasiões sempre se mostrou útil para todos. Porém, quando se trabalha numa constelação sempre precisamos ter em conta que o melhor interesse de todos os membros familiares deve ser levado em consideração e o respeito por todos é uma condição primordial para o trabalho, estando esses presentes ou não.

Posso colocar uma questão empresarial?
Claro. As empresas também estão submetidas às mesmas leis que regem as relações humanas, pois são compostas por pessoas. Nesse caso, porém, temos que levar em conta que somente podemos trabalhar com questões onde o participante tem poder de mudar, ou seja, não podemos constelar uma questão onde o poder de decisão na verdade pertence à outra pessoa, como por exemplo o meu chefe ou o dono do negócio no qual sou empregado. Posso, entretanto, constelar o departamento do qual sou chefe, pois aí tenho poder de decisão.

É possível constelar problemas com o dinheiro?
Sim, perfeitamente. Tais questões via de regra tem profundas ligações com as relações dentro da família. Muitas dinâmicas surpreendentes, envolvendo dificuldades com dinheiro, vem à luz através das constelações.

Tenho que tomar uma decisão séria em minha vida, posso constelar isso?
Sim, e inclusive a constelação habitualmente pode revelar muito sobre a situação em si, ampliando a visão de quem necessita tomar uma decisão sobre as muitas questões contextuais que quase sempre a pessoa envolvida não consegue perceber por estar muito “dentro” da questão. No entanto, isso não deve ser usado como uma prescrição.

Estou grávida, posso participar de um workshop e/ou treinamento?
Claro, desde que não seja uma gravidez de risco, já que essa requer muitas vezes até mesmo repouso relativo da gestante. Porém é preciso que o(s) facilitador(es) e o organizador seja(m) informado(s) do fato de você estar grávida de modo a proporcionar-lhe mais conforto durante o evento.

Posso constelar uma questão da minha sobrinha que mora com meus pais?
Não, nesse caso a mãe ou pai da sobrinha talvez pudessem, mas a tia ou o tio não tem tal autoridade, mesmo que ame muito a sobrinha. Isso seria se colocar acima dos pais, mesmo que com muito amor.

Estou tomando medicamento antidepressivo, posso participar de um workshop vivencial?
Sim, pode. O trabalho com as constelações não é um substituto para o tratamento médico, mas é um ajudante poderoso. Não recomendamos a ninguém que retire seus medicamentos e nem prescrevemos medicamentos a ninguém no trabalho de constelações. No entanto, se você estiver tomando alguma medicação que altere seu estado de consciência, por exemplo lhe deixa apático, sonolento etc., sugerimos que aguarde, pois o seu aproveitamento poderá ser bastante prejudicado.

É possível um deficiente físico constelar?
Sim, claro.A deficiência física não interfere no trabalho. Recebemos pessoas com limitações físicas e isso nunca foi um fator que o impede de participar, inclusive são convidados a serem representantes como qualquer outro membro do grupo.

Sou muito cético, mesmo assim seria possível aproveitar algo desta abordagem?
Essa é uma abordagem empírica, ou seja, baseada na observação direta dos fenômenos que percebemos no cliente e nos representantes. Um ceticismo saudável é sem dúvida uma boa postura para quem deseja algo de qualquer abordagem, e também é o caso das constelações. Não é necessário nenhuma fé, crença, religião etc. para poder participar e aproveitar algo. Hellinger descobriu certas leis naturais que regem os relacionamentos humanos e tais leis são tão verificáveis quanto a lei da gravidade, se nos dermos ao trabalho de observar. Aliás, sempre sugerimos aos participantes que não “acreditem” em nada daquilo que falamos, mas que verifiquem pela própria observação.

Por ser um trabalho em grupo, me preocupo se haverá exposição.
Nesse trabalho não solicitamos dados ou detalhes pessoais de foro íntimo. Também o cliente sempre tem a possibilidade de se recusar a revelar algo que considere constrangedor e parar o trabalho, a seu pedido. Porém a atmosfera respeitosa e de não-julgamento que impera no trabalho de constelações via de regra faz com que tais preocupações sejam infundadas. Por outro lado, geralmente as famílias, mesmo diferentes, tem histórias similares.

Eu e minha esposa não estamos nos entendendo muito bem e gostaríamos de saber mais sobre este trabalho e como ele poderia nos ajudar.
Essa é uma abordagem muito útil para casais com dificuldades. Muitas vezes, os parceiros se amam, querem muito seguir juntos de uma boa maneira, mas tem dificuldades. Aquilo que leva a tais dificuldades pode se originar de questões ligadas a lealdades inconscientes de um ou ambos os parceiros a fatos e problemas ocorridos na maioria das vezes, na família de origem de cada um ou a questões ligadas ao próprio casal e que não são adequadamente solucionadas antes, como a questão do equilíbrio entre eles. Para aqueles que querem saber mais, sugerimos a leitura dos livros: - Para que o amor dê certo, Bert Hellinger – editora Cultrix (www.cultrix.com.br) - Amor a segunda vista, Bert Hellinger – editora Atman (www.atmaneditora.com.br)

Perguntas retiradas do site: http://www.institutohellinger.com.br/