terça-feira, 6 de agosto de 2019

Os animais de estimação e a constelação familiar



Há algum tempo, várias pessoas me pedem para falar sobre o papel sistêmico dos animais de estimação e nas nossas vidas.

Não existe muita literatura sobre o tema.

O que vou compartilhar são minhas experiências como consteladora e como aluna (dentro de vários seminários e cursos que participei).

Não sei se todos sabem, mas existe uma força inconsciente, que, na constelação familiar, chamamos de consciência coletiva ou grande alma familiar, que atua de forma oculta nos membros de um sistema familiar. Essa força zela pelo equilíbrio de 3 leis sistêmicas que Bert Hellinger chama de Ordens do Amor.

O importante aqui é saber que além de seus desejos e vontades pessoais, da sua consciência pessoal (EU), existe uma força coletiva que também influencia na sua vida, ok?

Como ela atua? Basicamente, ela escolhe descendentes, ou pessoas que entraram por último em um sistema familiar (consciência coletiva) para “resolver” as desordens das leis que mencionei acima.

Por exemplo, um luto não vivido na geração dos avós, pode ser sentida através de seus netos. É como se os netos vivessem um estado emocional semelhante a um luto, porém sem ser proveniente de uma perda atual. E isso ocorre porque para a consciência coletiva, o todo é mais importante do que os indivíduos. Então, para essa consciência não há problema nenhum em você sentir aquilo que seus avós negaram, para que o equilíbrio volte a reinar no grupo.

E onde os nossos queridos bichanos entram?

Eles entram na função semelhante aos descendentes. Identificam-se com algo que aconteceu lá atrás, e tenta resolver para você. Ao invés de você se identificar com a desordem, seu bichinho o faz. Tudo de forma inconsciente.

Um bom exemplo é a quantidade de bichanos doentes. Uma doença que poderia ter acontecido com você, mas de alguma forma, seu animal de estimação disse inconscientemente para você: “deixa que eu cuido disso.” E a doença de manifesta como uma forma de compensar a desordem sistêmica familiar. Talvez, se você tivesse um filho, poderia ser seu filho dizendo internamente essa frase (descendente).

É comum me procurarem para constelar questões de animais de estimação. Por exemplo, doenças e mortes. E existem muitas dinâmicas atrás de tudo isso. Uma vez constelei uma moça que tinha um cachorro que estava com câncer no intestino. No meio da constelação, o representante do cão se identificou com o representante do marido dela. Ela me olhou e disse: “meu marido está com câncer de intestino e não estou dando conta da situação”.

Outra vez constelei uma pessoa que perdeu 3 cães. E ela não estava sabendo lidar com a morte deles. Durante a constelação o representante da morte dos cães olhava para o pai da cliente, enquanto que a representante da cliente não olhava. Então perguntei o que havia com ele. Ela respondeu que ele tinha uma doença degenerativa sem cura e que era muito difcífil até mesmo ela visitar o pai. Com o final da constelação, ela entendeu que os cães que morriam precocemente só estavam querendo ajudá-la a olhar para morte do pai de um jeito diferente, sem temor. E quem sabe assim, apreveitar o tempo que resta com ele.

Lembro-me de uma cliente que não conseguia engravidar. Tinha feito todos os exames e tratamentos, inclusive fertilização in vitro, porém nada de ter seu bebê. Meses depois ela apareceu no grupo contando que tinha ganhado um cachorro. Até aí tudo bem. Depois de um tempo ela chegava no grupo falando do seu “filho”, e nas próprias redes sociais, postava a foto do “filho” comendo, brincando, dormindo com seus pais… Na verdade o cachorro substituiu o filho, e era tratado como uma criança. O cão não estava livre para ser apenas o amigo, o cão, ele estava à serviço desse casal, e talvez de outras dinâmicas ocultas desse sistema; ligado à crianças.

Eu tinha uma tia que cuidava de mais de 30 cachorros. Todos que passavam na casa dela deixavam um cão no seu quintal e ela foi adotando todos. Durante muito tempo eu me perguntava, quem esses cães representavam da nossa família? O que aconteceu lá trás, que eles surgiram dessa forma na vida dela.

Os nossos animais de estimação estão à serviço de nosso sistema familiar, ou seja, eles querem ajudar a arrumar a bagunça da casa. E quanto mais tratamos um animal como “gente” mais ele se identifica com uma pessoa. Isso é muito real. Pode ser uma criança, um bebê, ou outra pessoa do sistema. Isso significa que ele não está livre para ser quem ele é: um cão, um gato, um peixe…

Perceba como você trata seu bichinho, o que ele desperta em você, e quais são as dinâmicas emocionais e comportamentais (além de físicas) que ele manifesta. Pode ser grandes informações pedindo por cura e integração e aí cabe a você, como um adulto, tomar a decisão interna de cuidar desses assuntos e deixar seu bichinho livre.

Se você for compartilhar o texto, por favor, cite a fonte.

Grata
Aline



terça-feira, 23 de abril de 2019

5 frases muito comuns que revelam um trauma de infância que não foi superado

Traumas de infância são muito mais comuns do que gostaríamos de acreditar.

traumas-de-infancia.jpg (1000×525)Uma série de estudos realizados por psicólogos da Duke University Medical School revelou que 78% das crianças relataram ter experimentado mais de uma experiência traumática antes dos 5 anos de idade. A partir dos 6 anos, 20% relataram experiências traumáticas, variando desde abuso sexual a negligência emocional, exposição a violência doméstica e perda traumática.
Pessoas que sofreram um trauma de infância também podem vir a desenvolver um transtorno de estresse pós-traumático complexo (PTSD-C), um problema caracterizado por dificuldades na regulação emocional, percepções distorcidas de abuso, dificuldades nas relações interpessoais e somatização.
No entanto, muitas vezes essas pessoas não estão conscientes de que têm um problema cuja origem se volta para a infância. Eles acreditam que deixaram seu passado para trás, mas isso os persegue inconscientemente.

Como um trauma da infância influencia na formação da identidade?


A formação de identidade é um processo complexo que ocorre ao longo da vida. A construção da identidade, incluindo o sentimento de ser suficientemente bom, a capacidade de integrar harmoniosamente emoção e razão, a consciência básica do estado emocional, sentir-se seguro e saber quem somos realmente, é afetada pelos traumas de infância. O que acontece é que a sobrevivência básica prevalece sobre o desenvolvimento equilibrado do “eu”.
Um trauma em tenra idade pode mudar o desenvolvimento do cérebro. De fato, sabe-se que um ambiente onde prevalece o medo e a negligência gera diferentes adaptações dos circuitos cerebrais, em comparação com um ambiente onde a criança se sente segura, protegida e amada. E o pior é que, quanto mais cedo essa angústia for vivenciada, mais os efeitos serão profundos e duradouros.
Portanto, muitas vezes a identidade de um adulto que sofreu traumas de infância está organizada em torno da necessidade de sobreviver e alcançar um nível básico de segurança em suas relações com os outros. Isso o leva a um ciclo vicioso no qual, por um lado, revive experiências desencorajadoras e traumáticas e, por outro lado, tende a evitar experiências orientadas para o crescimento.
Pessoas nessa situação identificam-se muito com um “eu traumático”, à custa de um sentido mais inclusivo e flexível de si mesmas. Eles se desprendem do seu ambiente e de si mesmos desde o início, como um mecanismo de sobrevivência, e podem permanecer desconectados de si mesmos durante a infância, adolescência e até mesmo na vida adulta, depois de saírem do ambiente tóxico. Na prática, eles continuam experimentando a necessidade de sobrevivência.

As frases que escondem uma “identidade traumática”

1. Perda da infância – “Eu não tive uma infância”

Quando as pessoas vivem uma infância particularmente angustiante, é bem comum que elas não consigam se lembrar dos primeiros anos de vida. Essas pessoas costumam dizer “eu não tive uma infância” ou “não me lembro muito de quando era criança”.
Eles podem se lembrar de alguns momentos particularmente vívidos, que são conhecidos como “memórias flash”, mas esses momentos não têm contexto, portanto não fazem muito sentido para a pessoa. É comum que não tenham uma história muito clara de si mesmos como crianças, até chegarem à adolescência ou até mesmo ao início da idade adulta.
No sentido autobiográfico, eles não têm o que é chamado de “narrativa coerente”, não conseguem falar sobre a sua história de vida seguindo um fio lógico. Na verdade, muitas pessoas até afirmam que sentem que sua infância foi roubada. E sem esse fundamento, a identidade do adulto está seriamente comprometida.

2. Perdeu parte de si mesmo – “Sinto que perdi alguma coisa”

Devido aos traumas de infância, as crianças geralmente reagem se desconectando de partes importantes de si mesmas para sobreviver, é um tipo de mecanismo de dissociação. Essas pessoas costumam dizer: “Sempre senti que falta algo, mas não sei o que é”.
O problema é que eles tendem a se desconectar de áreas sensíveis, ao mesmo tempo em que reforçam outras esferas, como uma medida de compensação para escapar do sofrimento emocional. Desta forma, uma criança com problemas em casa pode tentar se tornar um estudante modelo.
Mais tarde na vida, você pode descobrir que tem grandes habilidades em certas esferas enquanto outras permanecem completamente esquecidas, geralmente são aquelas ligadas a emoções, autoconhecimento e relações interpessoais.

3. Evitar-se – “Eu me sinto mal quando penso em mim mesmo”

Muitas das pessoas que sofreram traumas de infância dizem: “Eu não gosto de pensar em mim mesmo, isso só me faz sentir mal”. Esse sentimento é particularmente intenso quando o trauma está relacionado a pessoas importantes e importantes em sua vida, como pais ou irmãos.
O problema é que o exercício da introspecção, o ato de se aprofundar em si mesmo, torna-se um lembrete dessas experiências dolorosas, o que implica numa reconstrução da própria identidade, e muitas vezes é muito mais fácil escapar de si mesmo do que enfrentar problemas tão profundos.
Essas pessoas podem aprender a viver desconectadas de seu “eu”, mas isso geralmente os leva a comportamentos autodestrutivos ou à profunda insatisfação, porque eles realmente não sabem o que querem ou não conseguem construir um projeto de vida.

4. Relações destrutivas – “Sinto atração por pessoas que não me adequam”

Não é incomum que pessoas traumatizadas por seus pais ou cuidadores acabem estabelecendo amizades, relacionamentos românticos ou até mesmo vínculos de trabalho, que não são bons para eles. Eles costumam dizer frases como “Eu atraio pessoas que não me convém” ou “Eu tenho um ímã para pessoas que me machucam”.
O problema é que essas pessoas encontram pessoas que se encaixam na sua identidade traumática, mesmo que se esforcem para tomar decisões diferentes ou para que os outros o alertem que esses relacionamentos não sejam benéficos. Isso gera um ciclo vicioso de re-traumatização através da repetição do passado.
Como resultado, eles podem acabar cercados por pessoas emocionalmente indisponíveis, abusivas ou narcisistas, ou acabar tentando resgatar e “consertar” essas pessoas, assumindo o papel de “salvador“. É óbvio que essas pessoas querem encontrar alguém que possa proporcionar-lhes a estabilidade emocional que eles precisam, mas inconscientemente sentem uma “química” poderosa para o perfil do abusador psicológico .
Os traumas contínuos e os enganos, levam-nos a pensar que ” é melhor estar sozinho”. O despertar de relacionamentos destrutivos levou-os a assumir uma imagem pessimista dos outros, acreditando que eles sempre os ferirão.

5. Desconexão emocional da identidade – “As emoções são um obstáculo”

Quando os sentimentos não têm lugar na família de origem, as emoções são separadas da identidade. Se uma pessoa cresceu com frases como “chorar é para os fracos”, ou foi punido ou repreendido cada vez que expressou suas emoções, ela não poderá desenvolver um vínculo saudável com essa parte de seu “eu”.
As emoções continuarão presentes, embora muitas pessoas se apeguem à crença de que “não são emocionais”, ou de que “as emoções são apenas um incômodo”. É por isso que as emoções acabarão gerando confusão e caos, uma vez que essa pessoa não será capaz de reconhecê-las e gerenciá-las de forma assertiva, já que só aprendeu a escondê-las e reprimi-las.
O problema é que precisamos das emoções até mesmo para tomar decisões na vida. A desregulação emocional nos desconecta da nossa intuição, e pode nos levar a tomar decisões impulsivas e a prejudicar nossas relações com os outros.
Outros podem descrever um sentimento de anestesia emocional, uma vez que só conseguem experimentar uma gama limitada de emoções. Na verdade, muitas vezes apenas se referem a emoções vagas, como a frustração e o tédio, porque não aprenderam a reconhecer seus estados emocionais. Também é comum bloquear sensações como a insatisfação, até ampliar, como uma explosão de raiva contida.
Sem dúvida, as conseqüências dos traumas de infância na idade adulta são desencorajadoras. No entanto, a pessoa pode reconstruir sua identidade e refazer esse “eu” traumatizado. Isso implica em voltar ao passado para aceitar essas experiências dolorosas, para que elas possam ser integradas na história de vida e serem superadas.
Existem duas chaves fundamentais:
1. Compreender que agora estamos seguros e que não somos mais aquela criança assustada e,
2. Suponhamos que, apesar de sermos adultos, é provável que continuemos a processar emocionalmente as experiências traumáticas como crianças. Perceber e assumir essas realidades é muitas vezes libertador.
Lembre-se de que sempre é possível reconectar-se consigo mesmo, mesmo que seja necessário remover várias camadas para reconstruir uma identidade mais saudável. Sem dúvida, é um processo difícil, e pode ser necessário recorrer à ajuda de um psicólogo, mas investir em si mesmo é o melhor que você pode fazer. Não é necessário continuar carregando o fardo do passado, de um modo que ele limite o seu presente e obscureça o seu futuro.

segunda-feira, 11 de março de 2019

Como superar o fim de um relacionamento




Términos nunca são agradáveis e mesmo que o tenha desejado, sempre fica uma ponta de frustração, arrependimento, culpa, dor e confusão.

Quando entramos num relacionamento não pensamos em terminar, não é mesmo? Pelo contrário, se for bom, queremos que dure o tanto quanto for possível. Às vezes a pessoa que está ao nosso lado tem tanta afinidade conosco, que queremos constituir uma família, filhos. Fazemos planos para morar juntos, viajar juntos, envelhecer. É natural, digo mais, é sobrevivência. A espécie humana depende disso.


Porém o que não nos damos conta é que nesse caminhar ao lado de outra pessoa, muitas coisas podem acontecer. A vida é uma transformação constante, basta olhar em volta e perceber que tudo muda. Nós, como seres humanos, também mudamos. Nossos gostos, afinidades, desejos, sonhos também mudam. E em alguns momentos essas mudanças vão de encontro com o meu parceiro (a). De repente, nos tornamos muito diferentes de quando nos conhecemos, e enquanto para alguns casais as mudanças individuais apimentam e fazem o amor crescer, para outros, é o início do afastamento e do fim.

A vida é muito dinâmica, trazendo surpresas o tempo todo. Entre elas, pode trazer um amor do passado de volta, e você não querer mais continuar com seu parceiro (a) atual. Ou então pode ser que você conheça um novo amor, mesmo estando num relacionamento. Pode descobrir que seu parceiro (a) o está traindo, e como isso fere seus valores, é impossível continuar na relação. Ou então, você pode receber uma promoção do trabalho que te leva a morar em outro continente, e a relação acaba, porque ambos entendem que não dá para se relacionar à distância.

Muitas coisas podem levar ao fim de um relacionamento. A questão aqui é, e agora? Como fico?

Uma coisa é certa: não importa quem quis terminar, sentimentos de desconforto, geralmente deixa uma lembrança amarga em nós. E superar essa fase é imprescindível para que você não se feche para novos relacionamentos, e consiga viver uma vida feliz, agora ao lado de outra pessoa.

Raiva, tristeza, frustração, dor, culpa. Sentimentos que são desagradáveis e que fugimos o tempo todo para não sentir. Não nos ensinaram como lidar com as emoções, nem mesmo o que fazem quando sentimentos desconfortantes surgem em nosso peito. Mas isso não significa que eles não vão aparecer. Você pode até tentar jogá-los para debaixo do tapete com comportamentos “analgésicos”, anestesiando seu corpo com entorpecentes, comida, ou até um novo romance. Mas essa ferida vai permanecer aí dentro, e em algum momento, não tem jeito, ela vai doer.

Existem alguns estudos que mostram que áreas do cérebro responsável pela informação de dor física é ativado quando passamos por dor emocional. Porém, neste caso, não adianta ir até a farmácia buscar um analgésico, porque aqui o remédio é outro e é natural: Luto. O luto é extremamente importante para que seu cérebro e consequentemente sua saúde emocional, passe pelo processo de término de forma que não deixe danos.

Sempre que passamos por qualquer situação que remeta a término de ciclo: rupturas de relacionamento, perda de ente querido, perda de um emprego, mudança de casa, etc; precisamos dar um tempo para nós mesmos para que toda a química do nosso cérebro e nossa saúde emocional se recupere. E para isso acontecer, as fases do luto são importantes. Cada fase tem um tempo único para cada pessoa, dependendo da situação.

Quando você rompe um relacionamento a primeira coisa que vem à sua mente é Negação. A mente tenta encontrar uma forma de negar a situação, para que tudo continue como está e a dor não seja sentida. Nossa mente não gosta de mudanças. A negação surge de várias formas: “Não, ele não está me traindo”; “Ela está confusa, logo cai na real e descobre que sou seu amor”; “Foi só uma briga, logo tá tudo bem”. E por aí vai. Além de negar a situação, a negação serve para negar a existência de uma dor.

Depois que essa fase passa, ou ameniza, vem a fase da Raiva. Aqui você já entendeu que não tem volta e as frustrações começam a surgir. Tudo aquilo que foi guardado, que não foi dito, exposto, parece vir à tona agora. Você explode e lembra de tudo de “ruim” que tinha na relação. A raiva também é uma forma de esconder a dor. É comum as pessoas ficarem presas na raiva, não permitindo que a dor seja acessada, e pior: essa raiva pode ser direcionada para outras pessoas, como por exemplo, seu novo relacionamento.

A Barganha surge como terceira fase do luto, mostrando que a dor já está aí. E você começa a ver o que fez de errado, ou seja, procura culpados para a situação. Enquanto que, na fase anterior o culpado normalmente é o outro, aqui, essa culpa é direcionado à si mesmo. Nessa fase você pensa que “poderia ter feito assim ou assado” e começa a negociar consigo “se eu mudar, se eu fizer assim, tudo será diferente”. Aqui é uma fase perigosa, principalmente se você está em um relacionamento abusivo, pois a tendência de permanecer nele é grande.

A fase mais longa é a Depressão ou Tristeza pois é caracterizada por uma dor intensa. Além disso, nada mais pode ser feito aqui, e a vontade de se isolar é comum. Tudo parece sem graça. É outra fase complicada e que muitas pessoas não conseguem passar. Quando se está nessa fase, é comum lotar os consultórios médicos atrás de uma pílula que alivie a dor. Em alguns casos até pode ser benéfico, mas seria muito interessante buscar apoio de um terapeuta para que você aprenda a lidar com a dor ao invés de tentar anestesiá-la.

Por fim, a Aceitação é a última fase do luto. Aqui a pessoa tem uma visão mais realista do término. Sem culpados, apenas assumindo sua responsabilidade. A partir desse momento, seu cérebro e sua saúde emocional está restabelecida e um novo movimento pode iniciar. Você tem esperanças
e a dor dá lugar a serenidade.

É comum durante o luto, você viver mais de uma fase ao mesmo tempo, ou ter a sensação de retornar a alguma fase. O que importa aqui é que você permita viver a DOR. E esse é o ponto. Todas as fases do luto são mecanismos de sua mente para que você consiga, aos poucos, lidar com a dor. Entender o que passou, curar as feridas internas, crescer com tudo isso, e voltar a viver.

Portanto, quando interrompemos o luto, por qualquer motivo, não permitimos que nossa mente termine internamente o relacionamento. Lá fora, há anos que você não vê mais o ex, mas dentro de você parece que ele (a) tem morada eterna. Se isso acontece com você, perceba em qual fase você está? Raiva, Tristeza, Negação? Deixe que esses sentimentos do passado venham à tona. Permita-se viver alguns dias plenamente essa dor. Agora mais consciente, sabendo que ela tem fim. Viver a dor significa: sentir a dor. Nada de “analgésicos”.

Quando seguimos para um novo relacionamento e de repente começamos a perceber que as mesmas situações acontecem, ou, que, de alguma forma, você atrai pessoas semelhantes ao ex, isso pode ser um sinal da vida, dizendo que algo ainda não foi concluído dentro de você. E que até isso finalizar, tudo se repetirá, porque não se trata exatamente da pessoa em si, mas da experiência e do que foi aprendido com ela.

Para ajudar a passar pelo luto é importante ter em mente que muitas relações terminam, mesmo que não haja um culpado. Outras vezes uma relação termina, porque existem emaranhados sistêmicos na família de origem. Aqui não cabe procurar culpados, apenas reconhecer que a relação acabou. Reconhecer que um dia sonharam juntos e que a dor sentida agora advém da frustração desses sonhos. Sem esse reconhecimento, ficam atados um ao outro.

Quando existem filhos na relação, não deve deixar que eles se intrometam na relação. Nem deve ser incentivado que tomem partido, ou deem qualquer sugestão, pois caso contrário, eles ficarão perdidos, e isso gera uma grande desordem sistêmica. Ou seja, nesse sistema familiar, além do casal, os filhos estarão atados numa separação dolorosa, prejudicando a relação parental (os filhos com os pais).

“Quando um relacionamento se desfaz é uma dor muito profunda. Quando nos expomos a essa dor e permitimos que ela penetre em nosso coração, em nosso corpo e em nossa alma em toda a sua amargura e intensidade, então essa dor é, via de regra, breve, embora pareça interminável. Sem dúvida, depois que passamos por ela, a separação foi superada.” Bert Hellinger

Texto com autoria de Aline Charane Messina
Baseado nas obras de Bert Hellinger
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