segunda-feira, 11 de julho de 2016

Constelação Individual com Bonecos

Compartilho uma pequeno texto extraído do livro Muñecos, Metáforas y Soluciones, de María Colodrón, especialista em Constelação com Figuras.

"O desenrolar de uma constelação individual pode ocorrer de distintas formas: a partir de visualizações, mediantes âncoras de solo (papéis, pedaços de feltro, sapatos, etc.) e com bonecos ou outros objetos de representação ( pequenas pedras, fotos, etc).

O trabalho com bonecos, graças a sua versatilidade, pode ser aplicado de numerosas formas e com diversos objetivos. Porém, o  principal objetivo é ampliar a visão da pessoa que está constelando a respeito de sua questão (os humanistas chamariam de Tomada de Consciência, Bert Hellinger, denomina “Perder a Inocência”), de forma que aumente o grau de liberdade nas escolhas cotidianas.

Os bonecos são uma ferramenta que permite representar visual e espacialmente distintos aspectos da realidade subjetiva do cliente.  Servem para avaliar o estado atual da pessoa, os conflitos expressados e não expressados, assim como a imagem interna do problema e de suas tentativas de solução até o momento.

Em seguida exemplifico um caso terapêutico utilizando os bonecos.  O cliente é um homem de 45 anos, divorciado há muito tempo, que traz a demanda: “Necessito ajuda para romper com minha amante, porque me dei conta que estou ferindo a mim mesmo”.

Abaixo segue a primeira imagem interna a partir do posicionamento dos bonecos:



A imagem mostra vários aspectos que demonstram desordem tanto no sistema de origem quanto no atual:

- O cliente está posicionado na mesma linha que seus pais, sendo ele o primeiro da fila, assim sendo, forma com sua mãe um casal, enquanto que o pai se encontra distante e de costas para eles;
- Sua ex esposa se encontra posicionada na frente, no espaço do “futuro” e dentro do campo de visão, como se ficasse um assunto pendente;
- A amante se encontra à direita, na periferia do seu campo visual, olhando para fora (chama a atenção que este posicionamento é semelhante à posição de seu pai).

A partir desta imagem podemos observar quais as dinâmicas ocultas que estão atuando demonstrando que o cliente não está disponível para um relacionamento com alguém também disponível.  Isso é claramente verificável quando um novo personagem entra na configuração: uma nova parceira. Segue imagem abaixo:


A imagem fala por si só. O cliente não olha para a futura parceira. A partir deste momento o caminho de solução tomado pelo facilitador foi encerrar o assunto pendente com sua ex esposa, explorar a relação com seu pai e trabalhar o respeito para com sua mãe.

Existem significados espaciais praticamente universais, quer dizer, compartilhadas pela maioria das pessoas e culturas. Por exemplo, “à frente” costuma ser associado ao “futuro” e “atrás” com o passado; da mesma forma que, o movimento da esquerda para a direita significa avanço (assim como os ponteiros do relógio), e o contrário como retrocesso.  Em relação à verticalidade; ideias como espiritual, estar ausente ou “nas nuvens”, costumamos apontar com os movimentos ascendentes. Ao contrário, com movimentos descendentes, se encontra o corporal, os obstáculos. Olhar para baixo, costuma associar-se a estar deprimido, ou sobrecarregado (ex. olhar para o chão nas constelações, costuma indicar a relação com um “morto”).

Também a relação espacial entre dois elementos está cheia de significados: se está perto, ou longe, se estão frente a frente ou de costas um para o outro. Por isso, a disposição dos bonecos no espaço pode representar de forma clara e ampla, estados emocionais, atitudes pessoais diante de temas arquetípicos, como “futuro”, “destino”, “doença”, “pai/mãe”, etc.

Como é possível perceber, os bonecos permitem olhar os problemas a partir de uma nova perspectiva, já que novas conexões e analogias são reconhecidas no momento da configuração. Um novo mundo de crenças ou paradigmas é formado, facilitando o desenvolvimento de atitudes emocionais e interpretações novas, e sugerindo possibilidades de solução que até então não eram acessadas conscientemente."

Tradução livre por Aline Charane M.