A metodologia do futuro? Fantasia ou realidade? Acreditamos no que
entendemos ou acreditamos no que vemos que funciona? Estamos noutra dimensão ou
já nos esquecemos do que sempre soubemos? Novos problemas exigem novas
metodologias.
Ao
longo dos anos, e em função do desenvolvimento acelerado das novas tecnologias
e de novas linhas de pensamento, tem-se vindo a desenvolver uma série de
metodologias para a análise e resolução de problemas nas empresas e
organizações. A maior parte delas são baseadas em modelos complexos e
sofisticados, tendo por base raciocínios lógicos e racionais, decorrentes do
espírito científico desta era. Este pensamento exclusivamente racional tem
muito pouco tempo, se compararmos com as 7.500 gerações que existiram antes da
nossa. Os antigos não pensavam assim, eram integradores de várias formas de
pensamento, analisando os problemas no seu todo com base nas várias ciências e
filosofias existentes.
A
pouco e pouco começou a verificar-se a ineficácia de algumas metodologias que
julgávamos excepcionais, pois olham para partes do problema e não conseguem
abranger todo o contexto. Com o pensamento sistêmico, inicia-se uma maneira
diferente de analisar estas dinâmicas, procurando-se olhar para o sistema como
um todo, para a interação entre os elementos do sistema e entre estes e o
sistema, não só procurando uma causa/efeito direta, mas também analisando como
é que o efeito pode afetar a causa ou como podemos equilibrar todo o sistema.
O Sistema
“Um
sistema é um conjunto de elementos interconectados entre si, numa contínua
relação de mudança”. Ora, todos os sistemas em que o Homem é um dos elementos
terão estas características (família, amigos, grupos, clubes, associações,
empresas, organizações, governo, etc.). Muitas vezes, procura-se analisar os
problemas recorrendo a uma grande quantidade de informação “descritiva”,
utilizando-se sofisticados modelos de grande complexidade. A maior parte das
vezes, esquecemo-nos da informação “não descritiva”, que “sabemos” mas que não
conseguimos explicar ou descrever, pois está intuitivamente armazenada no nosso
corpo, espírito, pensamento e sobre diversas formas que não conhecemos exatamente.
Novas metodologias
Começam
a emergir novas formas de pensamento e novas formas de olhar para os mesmos
problemas. A metodologia das Constelações Organizacionais talvez seja uma das
primeiras que nos leva a olhar para o sistema como um todo e nos ensina a
utilizar os sentidos e as emoções para conseguirmos chegar a soluções duma
forma rápida e eficaz. Estamos a falar de intuição ou outras formas de acesso à
informação que entendemos, porque é “evidente”, embora, neste momento, não
saibamos explicar o “como”. Procuramos, assim, formas simples e intuitivas de
entender os problemas, “falando” uma linguagem simples, talvez a “linguagem das
crianças”, que ao longo dos anos fomos esquecendo.
Novas linguagens
Com
o método das Constelações aprendemos uma nova forma de linguagem (Mathias Varga
von Kibéd chamou–lhe de “linguagem transverbal”) que nos ajuda a olhar para a
mesma realidade doutra maneira, dando–nos novas visões e diferentes dimensões
do mesmo problema. Com este método trabalha-se de forma extremamente simples e
sintética, com poucos elementos, mas com toda a informação que o cliente possui
seja de forma racional, cognitiva, intuitiva ou emocional. Com a utilização
desta metodologia não se considera que existam temas, problemas ou soluções
estandardizadas: cada caso é um caso, cada cliente é um cliente e cada solução
é uma solução para esse caso e para esse cliente, nessa circunstância e nessa
ocasião.
Funcionamento das Constelações Organizacionais
A
forma original da técnica da “constelação” de um sistema consiste em que o
cliente escolha “estranhos” para representar os seus funcionários, os
departamentos da empresa, os clientes, os fornecedores, os produtos e até a sua
família. O cliente coloca estes “representantes” num lugar que sinta que é
adequado e duma forma intuitiva. Depois, esses “representantes” dizem o que
sentem, que movimentos gostariam de fazer e se sentem que alguém falta. Os
representantes movem-se até que sintam que estão num “lugar certo” e se consiga
trazer tranquilidade e equilíbrio a todo o sistema. O efeito prático desta
metodologia é que o cliente fica com uma imagem da sua situação atual, da
eventual solução e dos caminhos que tem de percorrer. Tudo é feito de maneira
intuitiva e fluida, o que faz com que a solução seja totalmente integrada pelo
cliente e de mais fácil aplicação.
Os temas sistêmicos
Todos
nós pertencemos a muitos sistemas. É normal experimentar tensões que são
causadas quando as necessidades de um sistema são incompatíveis com as
necessidades de outro. Como pertencemos a vários e diferentes sistemas,
mal-entendidos e conflitos entre as várias culturas podem facilmente surgir. Em
muitos casos, esses conflitos são relativamente pequenos e são resolvidos
instintivamente dentro do sistema (uma espécie de um processo contínuo de autorregularão
ou auto nivelamento); mas, noutras ocasiões, isso não acontece e, então, é
necessário intervir.
Para que servem?
Seria
normal pensar que, como os seres humanos são seres sistêmicos, todos saberiam
automaticamente como comportar–se nos sistemas e interagir com o que nos
rodeia. Mas será que o fazemos?
Consideremos as seguintes
situações:
• Todos pertencemos a muitos
sistemas diferentes, pelo que há a possibilidade de conflito entre os sistemas;
mas como é que posso verificar que isso acontece?
• Quando os Princípios Sistêmicos
são negligenciados, a organização reage de uma forma inconsciente e poderosa;
mas como é que sabemos qual dos princípios foi negligenciado e como o poderemos
corrigir?
• As pessoas também trazem os
seus sistemas familiares para o trabalho; mas como é que se conseguem descobrir
determinados assuntos, originários no sistema familiar, que afetam o sistema da
organização?
Estas
perguntas podem ser impossíveis de responder, a menos que se saiba onde e como
olhar. Além disso, é necessário encontrar um método que mostre o que está
acontecendo. Toda a informação sobre as questões sistêmicas está guardada ao
nível do inconsciente coletivo da organização. Com o método das Constelações
Organizacionais é possível trazer esta informação e encontrar soluções ou
pistas de forma rápida e eficaz. Os sistemas organizacionais são muito complexos,
pois estão em contato com muitos subsistemas, inclusivamente com o sistema
familiar do indivíduo e de todos os seus colegas de trabalho.
Utilização prática nas Empresas

É
certo que muitas pessoas não gostam de tratar temas reservados ou confidenciais
em ambientes desconhecidos. Nestes casos, utilizam-se as Constelações “cegas”
ou “escondidas”, isto é, a informação que se fornece ao Facilitador e aos
representantes é mínima ou quase nula. Outra alternativa é fornecer a
informação unicamente ao Facilitador e em que os representantes e assistentes
não estejam ao corrente da problemática. Assim, consegue-se proteger a
confidencialidade. No entanto, cada vez há mais solicitações no sentido de
trabalhar de forma totalmente individualizada e personalizada. Neste caso,
utilizam-se as Constelações Organizacionais dentro da própria empresa,
usando-se várias fórmulas em função da problemática da mesma: pode-se fazer um
trabalho individualizado com o Diretor, um trabalho com os empregados e também um
trabalho em que participem os funcionários e um grupo externo, como representantes
alheios à empresa.
Coaching Sistêmico
Esta
é outra vertente da aplicação desta metodologia, para quando a
confidencialidade ou a necessidade o exige. Este trabalho, ao nível individual
(cliente – consultor), pode realizar-se recorrendo a diversas formas de
utilização, nomeadamente com Figuras de Plástico especialmente desenhadas para
as Constelações, com outros objetos que se encontram no escritório do cliente,
com cartolinas (âncoras), etc. O consultor conduz o cliente num processo, para
que se vá resolvendo e esclarecendo o tema proposto na Constelação. O coaching
sistémico é muito utilizado para analisar alternativas antes de uma reunião em
que é necessário tomar importantes decisões para a organização ou para preparar
negociações.
Team-building
Esta
metodologia também pode ser utilizada como “team-building”, em que se obtêm
excelentes resultados: as relações entre todos (empregados e gestores)
melhoram, cria–se um verdadeiro espírito de equipe, etc. Fazem-se muitos
exercícios sistêmicos para todo o grupo, embora também se possam fazer algumas
constelações. Neste caso, recomenda-se que se façam constelações sobre temas
externos (clientes, fornecedores, concorrência, novos mercados, novas áreas de
negócio, etc.) e também para supervisão (muito eficaz para as empresas de
consultoria, grupo de vendedores, assessores, etc.).
Gestão de conflitos
No
caso em que possam existir problemas de relacionamento interno ou de especial
sensibilidade entre os empregados, recomenda-se a utilização de outro formato:
trabalha-se com os funcionários e, além disso, também participam pessoas
totalmente alheias à empresa, com um acordo de confidencialidade em relação a
tudo o que aconteça internamente (costumam ser alunos que estão a fazer a sua
formação, ou mesmo qualquer outra pessoa que nunca tenha tido nenhum contato,
nem conhecimento, com as Constelações Organizacionais).
Lançamento de Marcas e produtos
Existem
já estudos estatísticos dos resultados da aplicação desta metodologia ao
lançamento de marcas e produtos no mercado, abertura de novas filiais, etc. O
que se faz é a simulação da realidade utilizando toda a informação que o
cliente possui (a vários níveis), mesmo que ele não tenha consciência de tudo o
que sabe. A visualização das soluções ou dos diversos cenários testados leva a
resultados impressionantes duma forma aparentemente simples.
Recrutamento de pessoal
Nestes
casos, a eficácia é muito grande, pois se consegue analisar não só o candidato
e as suas características para preencher a função, mas também de que maneira se
interliga e inter-relaciona com o sistema onde irá trabalhar e com todos os
seus elementos. Muitas vezes o melhor candidato não é obrigatoriamente o que
melhor se adapta à estrutura existente e, consequentemente, as suas capacidades
não serão totalmente aproveitadas.
Outras aplicações
Claro
que isto são alguns exemplos de aplicações práticas, mas esta metodologia pode
ser utilizada em quase todas as áreas de negócios, para uma grande variedade de
temas, questões ou problemas: definição de uma estratégia; preparar
negociações; integração após fusão ou aquisição de empresas; gestão de projetos;
empresas familiares; testar projetos; criação de nova empresa; diagnóstico;
gestão de conflitos; como ferramenta de supervisão para consultores; decisões;
mudança profissional; encontrar o equilíbrio entre a vida privada e
profissional; etc.
O que é uma Constelação
Através
duma Constelação, monta-se o sistema da empresa ou organização para que se
consiga trazer à luz toda a informação sobre as questões sistêmicas. Utilizando
esta informação, aconselha-se o cliente sobre eventuais soluções que possam
restaurar o equilíbrio e a harmonia do sistema. Este método é rápido e
processa-se em várias fases, desde o diagnóstico à resolução. Não é necessário
fornecer informação pormenorizada sobre a empresa, pelo que a confidencialidade
fica garantida.
Quem pode utilizar esta metodologia
A
utilização desta metodologia aplica-se aos gestores e outros responsáveis, com
vista à descoberta e resolução de problemas na organização. Isto poderá ser
feito para toda a empresa, para uma questão específica, e mesmo como coaching,
antes de uma reunião importante onde se preveem mudanças relevantes. A maior
parte do trabalho sistêmico é feita para os diretores e responsáveis das organizações
ou departamentos, onde a descoberta das Dinâmicas Escondidas dos sistemas é
fundamental para o sucesso da empresa ou organização. Também se utiliza muito
para os indivíduos reconhecerem a sua posição na empresa, dinâmicas para uma
eventual mudança, etc.
Soluções milagrosas

Resumo
Trata-se
de uma metodologia que, através da sua vivência, a sua compreensão torna-se
imediata. A grande valia desta metodologia é a integração dos dois lados do
cérebro (esquerdo e direito), o que leva a que o cliente interiorize e integre
duma forma rápida as soluções encontradas. É uma metodologia que teve a sua
origem na Alemanha há cerca de 20 anos, embora a sua componente organizacional
tenha começado só há 10. Os primeiros anos foram concentrados na Alemanha e nos
países de língua alemã. Mais recentemente, começou a expandir-se a todo o
mundo. O país em que está mais desenvolvida é a Holanda, onde as empresas a utilizam
frequentemente, bem como o Governo, Organismos Públicos e as Forças Armadas. Em
Portugal, está a dar os primeiros passos, tendo-se obtido resultados urpreendentes, com soluções simples e
rápidas. As potencialidades desta ferramenta são enormes e pensamos que irá
alterar o modo de pensar das empresas, dos seus gestores e colaboradores,
tornando mais “natural” a vida nas empresas e organizações.
Texto de Cecílio Regojo