Términos nunca são agradáveis e
mesmo que o tenha desejado, sempre fica uma ponta de frustração,
arrependimento, culpa, dor e confusão.

Porém o que não nos damos conta é
que nesse caminhar ao lado de outra pessoa, muitas coisas podem acontecer. A
vida é uma transformação constante, basta olhar em volta e perceber que tudo
muda. Nós, como seres humanos, também mudamos. Nossos gostos, afinidades,
desejos, sonhos também mudam. E em alguns momentos essas mudanças vão de
encontro com o meu parceiro (a). De repente, nos tornamos muito diferentes de
quando nos conhecemos, e enquanto para alguns casais as mudanças individuais apimentam
e fazem o amor crescer, para outros, é o início do afastamento e do fim.
A vida é muito dinâmica, trazendo
surpresas o tempo todo. Entre elas, pode trazer um amor do passado de volta, e
você não querer mais continuar com seu parceiro (a) atual. Ou então pode ser
que você conheça um novo amor, mesmo estando num relacionamento. Pode descobrir
que seu parceiro (a) o está traindo, e como isso fere seus valores, é
impossível continuar na relação. Ou então, você pode receber uma promoção do
trabalho que te leva a morar em outro continente, e a relação acaba, porque
ambos entendem que não dá para se relacionar à distância.
Muitas coisas podem levar ao fim
de um relacionamento. A questão aqui é, e agora? Como fico?
Uma coisa é certa: não importa
quem quis terminar, sentimentos de desconforto, geralmente deixa uma lembrança
amarga em nós. E superar essa fase é imprescindível para que você não se feche
para novos relacionamentos, e consiga viver uma vida feliz, agora ao lado de
outra pessoa.
Raiva, tristeza, frustração, dor,
culpa. Sentimentos que são desagradáveis e que fugimos o tempo todo para não
sentir. Não nos ensinaram como lidar com as emoções, nem mesmo o que fazem
quando sentimentos desconfortantes surgem em nosso peito. Mas isso não
significa que eles não vão aparecer. Você pode até tentar jogá-los para debaixo
do tapete com comportamentos “analgésicos”, anestesiando seu corpo com
entorpecentes, comida, ou até um novo romance. Mas essa ferida vai permanecer
aí dentro, e em algum momento, não tem jeito, ela vai doer.
Existem alguns estudos que
mostram que áreas do cérebro responsável pela informação de dor física é
ativado quando passamos por dor emocional. Porém, neste caso, não adianta ir
até a farmácia buscar um analgésico, porque aqui o remédio é outro e é natural:
Luto. O luto é extremamente importante para que seu cérebro e consequentemente
sua saúde emocional, passe pelo processo de término de forma que não deixe
danos.
Sempre que passamos por qualquer
situação que remeta a término de ciclo: rupturas de relacionamento, perda de
ente querido, perda de um emprego, mudança de casa, etc; precisamos dar um
tempo para nós mesmos para que toda a química do nosso cérebro e nossa saúde
emocional se recupere. E para isso acontecer, as fases do luto são importantes.
Cada fase tem um tempo único para cada pessoa, dependendo da situação.
Quando você rompe um
relacionamento a primeira coisa que vem à sua mente é Negação. A mente tenta
encontrar uma forma de negar a situação, para que tudo continue como está e a dor
não seja sentida. Nossa mente não gosta de mudanças. A negação surge de várias
formas: “Não, ele não está me traindo”; “Ela está confusa, logo cai na real e
descobre que sou seu amor”; “Foi só uma briga, logo tá tudo bem”. E por aí vai.
Além de negar a situação, a negação serve para negar a existência de uma dor.
Depois que essa fase passa, ou
ameniza, vem a fase da Raiva. Aqui você já entendeu que não tem volta e as
frustrações começam a surgir. Tudo aquilo que foi guardado, que não foi dito,
exposto, parece vir à tona agora. Você explode e lembra de tudo de “ruim” que
tinha na relação. A raiva também é uma forma de esconder a dor. É comum as
pessoas ficarem presas na raiva, não permitindo que a dor seja acessada, e pior:
essa raiva pode ser direcionada para outras pessoas, como por exemplo, seu novo
relacionamento.
A Barganha surge como terceira
fase do luto, mostrando que a dor já está aí. E você começa a ver o que fez de
errado, ou seja, procura culpados para a situação. Enquanto que, na fase
anterior o culpado normalmente é o outro, aqui, essa culpa é direcionado à si
mesmo. Nessa fase você pensa que “poderia ter feito assim ou assado” e começa a
negociar consigo “se eu mudar, se eu fizer assim, tudo será diferente”. Aqui é
uma fase perigosa, principalmente se você está em um relacionamento abusivo,
pois a tendência de permanecer nele é grande.
A fase mais longa é a Depressão
ou Tristeza pois é caracterizada por uma dor intensa. Além disso, nada mais
pode ser feito aqui, e a vontade de se isolar é comum. Tudo parece sem graça. É
outra fase complicada e que muitas pessoas não conseguem passar. Quando se está
nessa fase, é comum lotar os consultórios médicos atrás de uma pílula que
alivie a dor. Em alguns casos até pode ser benéfico, mas seria muito interessante
buscar apoio de um terapeuta para que você aprenda a lidar com a dor ao invés
de tentar anestesiá-la.
Por fim, a Aceitação é a última
fase do luto. Aqui a pessoa tem uma visão mais realista do término. Sem
culpados, apenas assumindo sua responsabilidade. A partir desse momento, seu
cérebro e sua saúde emocional está restabelecida e um novo movimento pode
iniciar. Você tem esperanças
e a dor dá lugar a serenidade.
É comum durante o luto, você
viver mais de uma fase ao mesmo tempo, ou ter a sensação de retornar a alguma
fase. O que importa aqui é que você permita viver a DOR. E esse é o ponto.
Todas as fases do luto são mecanismos de sua mente para que você consiga, aos
poucos, lidar com a dor. Entender o que passou, curar as feridas internas, crescer
com tudo isso, e voltar a viver.

Quando seguimos para um novo
relacionamento e de repente começamos a perceber que as mesmas situações
acontecem, ou, que, de alguma forma, você atrai pessoas semelhantes ao ex, isso
pode ser um sinal da vida, dizendo que algo ainda não foi concluído dentro de
você. E que até isso finalizar, tudo se repetirá, porque não se trata exatamente
da pessoa em si, mas da experiência e do que foi aprendido com ela.
Para ajudar a passar pelo luto é
importante ter em mente que muitas relações terminam, mesmo que não haja um
culpado. Outras vezes uma relação termina, porque existem emaranhados
sistêmicos na família de origem. Aqui não cabe procurar culpados, apenas
reconhecer que a relação acabou. Reconhecer que um dia sonharam juntos e que a
dor sentida agora advém da frustração desses sonhos. Sem esse reconhecimento,
ficam atados um ao outro.
Quando existem filhos na relação,
não deve deixar que eles se intrometam na relação. Nem deve ser incentivado que
tomem partido, ou deem qualquer sugestão, pois caso contrário, eles ficarão
perdidos, e isso gera uma grande desordem sistêmica. Ou seja, nesse sistema
familiar, além do casal, os filhos estarão atados numa separação dolorosa,
prejudicando a relação parental (os filhos com os pais).
“Quando um relacionamento se
desfaz é uma dor muito profunda. Quando nos expomos a essa dor e permitimos que
ela penetre em nosso coração, em nosso corpo e em nossa alma em toda a sua
amargura e intensidade, então essa dor é, via de regra, breve, embora pareça
interminável. Sem dúvida, depois que passamos por ela, a separação foi
superada.” Bert Hellinger